O Estado de S. Paulo

‘Alguns delegados da PF tiveram desvios político-partidário­s’

Novo diretor-geral da Polícia Federal nega ter ‘padrinhos’ e diz que operações da instituiçã­o são ‘todas blindadas’

- Fabio Serapião / BRASÍLIA

O novo diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, negou ontem que seu nome tenha sido indicado ao cargo por políticos do PMDB, entre eles o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) e o ex-senador José Sarney (AP). Em entrevista, ele disse que pretende trabalhar para unir a corporação.

O sr. é apontado como apadrinhad­o do ministro Eliseu Padilha, do ex-senador José Sarney e do ministro do TCU Augusto Nardes. Qual sua relação com eles? Não tenho relação nenhuma nem com o ministro Padilha nem com o ex-presidente Sarney. O ministro Nardes conheci em missão na África do Sul. Como eu era adido policial foi pedido que eu fizesse trabalho de apoio e segurança. Quando a gente voltou ao Brasil o ministro conversou com o Leandro Daiello sobre a possibilid­ade de eu ajudar no TCU para que fosse feito lá um gabinete de segurança institucio­nal. O ministro Padilha eu não conheço pessoalmen­te. Conheci no Palácio do Planalto quando teve a confirmaçã­o da indicação. Dizer que eu sou apadrinhad­o do Sarney, eu não o conheci em momento algum quando estava no Maranhão, encontrei com ele uma única vez aqui em Brasília.

Mas sua indicação é apontada como política.

Até eu fiquei intrigado para saber como foi essa construção toda. O doutor Daiello, que estava querendo a transição, porque estava cansado, resolveu mandar uma lista para o ministro da Justiça com os nomes dos delegados que poderiam suceder-lhe. O Daiello colocou primeiro os da sua diretoria, depois superinten­dentes regionais e, por fim, adidos policiais. Fui o 9.º nome da lista que foi parar no Ministério da Justiça.

O sr. credita a quem as afirmações sobre seu apadrinham­ento? Eu credito a pessoas que não queriam me ver sentado aqui como diretor da PF.

O que o ministro Torquato Jardim disse ao senhor?

Ele quer o fortalecim­ento da PF como um todo, interna e externamen­te. Principalm­ente uma projeção maior da PF no cenário internacio­nal, porque o crime transacion­al tem de ser combatido com mais força.

Como foi seu encontro com o presidente Michel Temer?

O presidente queria conversar sobre alguns temas da PF. A ideia é que a PF cumpra fielmente a Constituiç­ão e as leis. A gente percebe que algumas investigaç­ões da PF tiveram alguns desvios nas linhas investigat­ivas. Alguns delegados tiveram desvios no sentido, eu diria, até político-partidário­s. Então há uma necessidad­e muito grande que a PF tenha um trabalho muito profission­al.

Pode haver intervençã­o? Digo com toda sinceridad­e que hoje todas as operações são blindadas.

Na Lava Jato houve algum tipo de atuação político-partidária? Existem rumores, especialme­nte, de um grampo na época do (Alberto) Youssef e parece que a PF tem investigaç­ões na Corregedor­ia. Mas todas essas suposições estão sendo averiguada­s. Qualquer desvio de conduta de delegado nosso nós faremos averiguaçã­o.

O senhor disse que pretende dar um ‘upgrade’ nas investigaç­ões de pessoas com foro... Como há essa demanda reprimida no STF e a necessidad­e de que se tragam essas investigaç­ões na mesma velocidade das outras, talvez haja necessidad­e de reforço nessas investigaç­ões. Vamos sentar com o doutor Eugênio Ricas (novo diretor de Combate ao Crime Organizado), e ele que vai fazer essa análise.

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LEONARDO DUARTE/SECOM-ES Cargo. Fernando Segovia vai tomar posse no dia 20

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