Sacode a poeira
“Onde é que fica?” foi a frase que mais ouvi quando contei a familiares e amigos que embarcaria para Anguilla. Se você também está se perguntando o mesmo, explico que essa ilha caribenha é vizinha à dupla St. Martin/St. Maarten, mas muito mais exclusiva, frequentada por celebridades e políticos que buscam sossego e discrição. É claro que, em se tratando de Caribe, as praias espetaculares, com águas que oscilam entre tons de verde e azul são uma regra por ali. Caso de Shoal Bay East, que ano sim, outro também entra na lista de melhores praias do mundo em revistas especializadas.
Com um público que gosta de serviço impecável e refeições refinadas, não é de se estranhar que a maior parte das atrações desse território ultramarino britânico estejam abrigadas em hotéis e resorts de luxo. Não existe um centrinho turístico clássico, com lojas para comprinhas, um calçadão para caminhar, sorveterias. O centro de Anguilla (os locais pronunciam Angüilla) é bem genuíno, colorido, movimentado e com construções coloniais, mas frequentado basicamente por moradores – não há interesse para que os turistas parem por ali. Quanto às lembrancinhas, as lojas dos hotéis (ou localizadas próximo a eles) têm as melhores opções – mas nada que se destaque. O mais interessante (e genuíno) que encontrei foram os licores de diversos sabores, que se parecem muito com os que compramos em viagens pelo interior de Minas Gerais. O de banana foi meu favorito – custa, em média, US$ 12. As compras realmente não são o forte da ilha. Nem a badalação. O que fazer então? Abraçar a proposta de desacelerar, curtir o clima caribenho, a exclusividade e a tranquilidade de cada paisagem.
Reconstrução. Há pouco mais de um ano, contudo, essa tranquilidade foi quebrada pelo furacão Irma, que devastou 80% da ilha de 14 mil habitantes. “Não pude acreditar que era o mesmo lugar”, contou Ena Boasman-Hodge, concierge do hotel The Reef. Ela estava em Porto Rico durante a tempestade, mas suas filhas ficaram em Anguilla. Sem comunicação e com voos cancelados, ela viveu dias de agonia até conseguir voltar. “Não havia mais portas em casa, mas as meninas estavam bem”, conta, aliviada.
Em qualquer lugar que se vá em Anguilla, alguém terá uma história para contar sobre o furacão. Nem a principal atração local resistiu. Sandy Island, um pequeno banco de areia repleto de coqueiros, onde turistas passavam o dia se refestelando nas barracas de praia, perdeu a vegetação e as construções. Sobraram a areia clarinha e a água esverdeada, que convida a um mergulho. Mas não há tempo para se lamentar: coqueiros já foram plantados e a expectativa é que a ilha seja reaberta aos turistas já no próximo mês.
Hotéis, coqueiros, barracas de praia: o Irma varreu tudo com fúria, mas não levou a força de vontade dos moradores. O trabalho de recuperação começou logo depois que a tempestade se foi. Quando visitei a ilha, via-se obras e reformas por toda parte e os turistas começavam a retornar. Motivos não faltam. VIAGEM A CONVITE DO ANGUILLA TOURISM BOARD, DO FOUR SEASONS RESORT E DA COPA AIRLINES