Ajuste fiscal é pauta do País, e não do governo, diz Lazari
Presidente do Bradesco lembrou que liberdade de imprensa e igualdade de direito a cidadãos são princípios constitucionais
O presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, afirmou que as propostas já reveladas pelo novo governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) – como a independência do Banco Central, o ajuste fiscal e a reforma da Previdência – são retóricas do País inteiro, e não apenas da nova administração. “Não é o novo governo. É o Brasil inteiro. Todo mundo reconhece que isso é importante para o crescimento do País”, disse ele ontem, em teleconferência realizada para comentar os resultados do banco no terceiro trimestre.
Questionado sobre as críticas do novo presidente à imprensa, Lazari afirmou que a Constituição brasileira defende a liberdade e manifestação do pensamento no artigo 15. “É expressa a liberdade da imprensa e de qualquer veículo de comunicação”, disse o presidente do Bradesco. “É um patrimônio do povo brasileiro.”
Segundo o executivo, a necessidade de tratamento igualitário a todas pessoas é outro princípio constitucional sobre o qual não cabe discussão. “Todos somos iguais perante a lei, sem distinção de raça, sexo, credo, social”, reforçou.
Crédito. Sobre o resultado do banco, o presidente do Bradesco disse acreditar que, virada a página de “maior volatilidade” da economia, será possível aumentar o crédito em ritmo mais elevado no próximo ano.
“Para o ano que se avizinha, a expectativa é de crescimento da economia e aumento do crédito acima do visto neste ano”, ressaltou, destacando os segmentos de financiamento imobiliário, crédito consignado e de veículos. Segundo o executivo, o banco não mudou seu apetite de crédito e pode, inclusive, elevá-lo caso a economia brasileira apresente um desempenho mais favorável.
O executivo também vê espaço para mais faturamento com tarifas. Isso porque a regra imposta pelo Banco Central, que impedia o reajuste das tarifas cobradas dos clientes herdados para o HSBC, vence em janeiro de 2019. Desta forma, o banco está livre para mexer nos valores cobrados desse contingente de correntistas, especialmente no segmento pessoa física.
A ideia é que os antigos clientes do HSBC e os correntistas do Bradesco paguem, em breve, ao menos tarifas equivalentes. Hoje, o retorno na carteira pessoa física herdada do HSBC é equivalente a 87% do arrecadado com a do Bradesco. “Estamos quase equiparando rentabilidade do cliente pessoa física do HSBC à do Bradesco. Em 2019, poderemos chegar à rentabilidade de 100% ou passar disso.”