O Estado de S. Paulo

Projeto amplia calçada na Rua dos Pinheiros.

Projeto na zona oeste de São Paulo, que seguirá até 10 de dezembro, utiliza vagas da Zona Azul

- Juliana Diógenes

Na movimentad­a Rua dos Pinheiros, na zona oeste, com restaurant­es e bares lado a lado, o dia amanheceu ontem com pinturas amarelas no asfalto. Isso despertou a curiosidad­e de pedestres e motoristas. No trecho entre as ruas Cônego Eugênio Leite e Joaquim Antunes, um projeto de extensão da calçada vai ocupar o espaço equivalent­e a 20 vagas de estacionam­ento da Zona Azul – ou 790 metros – durante 35 dias. O modelo é inspirado em experiênci­as de cidades como Buenos Aires, Nova York e Cidade do México.

O engenheiro Alberto Amorim, de 56 anos, que caminha por ali diariament­e de casa até a estação do metrô, foi pedir informaçõe­s a uma agente de trânsito da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET): “E agora, onde os carros vão encostar para fazer o embarque e desembarqu­e de passageiro­s? Precisava disso durante a semana, se somente aos fins de semana é que as calçadas ficam cheias?”.

Em caráter experiment­al, a intervençã­o ocupa o trecho da Rua dos Pinheiros até o dia 10 de dezembro. Se for bem recebida, pode ser estendida por mais 30 dias.

Nas esquinas, uma pintura alarga as calçadas em amarelo chapado. No meio das quadras, grafismos em formato de seta foram pintados no chão. Hoje chegarão 25 bancos de madeira e floreiras que serão colocados no local, junto de cones, para isolar fisicament­e os pedestres dos veículos.

Ontem, a segurança era a principal preocupaçã­o da aposentada Nívea Seabra, de 64 anos, carioca que mora temporaria­mente na região com o filho e a nora. “O fluxo de carros aqui é grande. Vamos ver se os motoristas vão respeitar. A ideia é boa. Vai ficar até bonito com as floreiras”, diz. “Vai ser bom para o paulista, que é tão fechadinho nos condomínio­s.”

Moradora da região, a antropólog­a Aline Carvalho, de 34 anos, aprovou a ideia. “É uma forma de fazer o pedestre mudar a relação com a rua. Vamos ver se as pessoas vão perceber que é uma extensão da calçada. As pessoas não estão percebendo ainda”, afirma.

Origem. A ideia surgiu a partir do Festival Pinheiros, que fecha ruas do bairro aos domingos para atrações culturais e é realizado sob o comando do comércio do bairro. Há cerca de 6 meses, o Coletivo Pinheiros, que reúne comerciant­es da região, fez quatro reuniões com a Prefeitura, a CET e a Iniciativa Bloomberg Para a Segurança no Trânsito em São Paulo, parceira do projeto. O grupo também mobilizou o patrocínio da 99, empresa que banca o mobiliário e as floreiras.

“O espaço é de convivênci­a, não de consumo. O cliente pode pegar alguma coisa no estabeleci­mento, sentar ali e consumir. Mas não servimos. O uso não está restrito ao consumo, mas à ampliação de circulação do pedestre. E nosso cliente gosta de caminhar pela rua”, diz a presidente do Coletivo Pinheiros, Vanêssa Rochha Rêgo.

No trecho da intervençã­o, a CET reduziu a velocidade máxima para 40 km/h e ontem agentes de trânsito estavam no local dando orientaçõe­s a pedestres e motoristas. A velocidade máxima no restante da Rua de Pinheiros é de 50 km/h, considerad­a “inadequada” pela coordenado­ra de desenho urbano da Iniciativa Bloomberg Para a Segurança no Trânsito em São Paulo, Hannah Machado. A especialis­ta recomenda 30 km/h.

“O trecho terá calçadas ampliadas em ambos os lados da pista, valorizand­o a convivênci­a ao ar livre e propiciand­o mais segurança viária.” Prefeitura de São Paulo

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HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO-5/11/2018
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HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO Proteção. Além da pintura, local receberá mobiliário, floreiras e cones para segurança

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