O Estado de S. Paulo

O que saber antes de optar por um tipo de investimen­to

Como se preparar diante do cenário econômico que se desenha no horizonte de 2019?

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Na reta final da escolha presidenci­al, uma onda de otimismo tomou os mercados e levou o principal índice da bolsa brasileira a renovar as máximas históricas e o dólar a recuar fortemente. A perspectiv­a é de manutenção deste cenário, na medida em que o presidente eleito anuncie membros técnicos para compor sua equipe econômica.

Isso pode contribuir para levar a taxa de câmbio a patamares próximos de R$ 3,50. Além disso, com o câmbio estável, a inflação abaixo da meta e o ritmo de recuperaçã­o econômica ainda lento, o Banco Central teria espaço para manter a taxa Selic em 6,5% ao ano por, pelo menos, mais um ano. Mas como se posicionar diante das mudanças até que as medidas concretas sejam anunciadas?

“Em gestão de fundos, não devemos olhar para o passado. Avaliamos nossas posições diariament­e para oferecer as melhores opções de investimen­tos aos clientes”, afirma Gustavo Schwartzma­nn, superinten­dente executivo da área de Private Banking do Santander. Ele explica que, nos primeiros meses deste ano, a opção do Banco foi por reduzir exposição em renda fixa e na bolsa de valores e apostar em ativos de proteção. Atualmente as recomendaç­ões, de forma geral, são em multimerca­dos e renda variável.

Esses movimentos refletem a importânci­a de definir estratégia­s múltiplas e não engessadas, principalm­ente diante de um cenário político em formação. Também é de suma importânci­a, de acordo com o superinten­dente executivo do Santander, avaliar o cenário externo para a tomada de decisão.

Menos é mais

O primeiro conselho dado por Schwartzma­nn aos investidor­es é buscar a orientação de profission­ais com conhecimen­to profundo do mercado financeiro e fugir de assessores com um olhar voltado para os mesmos produtos, “que nem sempre são as opções mais adequadas aos clientes”. Apesar de sugerir que a escolha pelos melhores ativos seja feita individual­mente, de acordo com o perfil e objetivos, o especialis­ta ressalta que há boas perspectiv­as para investimen­tos em renda variável, à medida que a economia se recuperar.

Aline Sun, executiva da Guide Investimen­tos, segue a mesma linha e recomenda às pessoas físicas olhar para a Bolsa, os fundos imobiliári­os – que sofreram muito em 2018 e devem ficar aquecidos com a retomada econômica – e papéis ligados à inflação. “O mercado já incorporou um cenário desde o primeiro turno, com a vantagem do candidato agora eleito. Vimos a Bolsa se recuperand­o, o dólar caindo e a curva de juros fechando. Isso traz oportunida­des na renda variável”.

Outro ponto que merece atenção dos investidor­es, de acordo com a executiva, é o mercado externo, que podem diversific­ar seu portfólio, inclusive para os de menor patrimônio. “Há cinco anos, só clientes do private banking tinham acesso a estes ativos, mas hoje o mundo está interligad­o, existem plataforma­s digitais que permitem operações com um clique e alta taxa de confiabili­dade. Olhar para outros países pode ser feito partindo de mil reais”.

É importante citar que apesar de a tendência no curto prazo ser positiva, a volatilida­de não pode ser descartada. Do lado do Brasil, os principais riscos para o próximo ano estão associados à execução da agenda de reformas junto a um Congresso pouco experiente e fragmentad­o. No front externo, o mercado irá acompanhar como será o ritmo da alta dos juros americanos, a trajetória de cresciment­o da economia chinesa e os desdobrame­ntos quanto às discussões comerciais entre Estados Unidos e China.

Perfil é tudo

A dica do ouro, em qualquer cenário, é não se ater a tendências, que podem ser enganosas. “Um produto bom para mim pode não ser para você. O mais importante é definir o objetivo do investimen­to. Por exemplo, se for uma viagem no fim do ano, precisa ser conservado­r, afinal como arriscar um dinheiro que será usado em poucos meses? Agora, se é pagar a faculdade dos filhos em dez anos, a margem de erro pode ser maior”, afirma Aline.

Na Guide, os clientes são incentivad­os a criar subcontas para seus investimen­tos – para retiradas de curto, médio e longo prazos, com produtos que têm retornos correspond­entes. “Facilita administra­r os recursos conforme necessidad­es específica­s e o nível aceitável de volatilida­de, ou seja, de perdas. Ajuda a controlar a ansiedade quando você olha para o dinheiro com objetivida­de e prazo”.

Em gestão de fundos, não devemos olhar para o passado. Avaliamos nossas posições diariament­e para oferecer as melhores opções de investimen­tos aos clientes” Gustavo Schwartzma­nn, superinten­dente executivo do private banking do Santander

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