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A FORTALEZA DE KUELAP

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Antes da chegada dos Incas, uma civilizaçã­o nômade ocupou o território ao norte do Peru. Grandes guerreiros, ótimos agricultor­es e adoradores dos deuses, os Sach’a phuyus tiveram as nuvens como companhia. E uma fortaleza nas alturas: Kuelap. Os paredões de pedra de cerca de 20 metros de altura dão contorno ao topo da montanha de 60 mil metros quadrados. Eles remetem à lembrança das fortalezas medievais da Europa, no entanto, a imensa muralha de Kuelap foi preenchida para nivelar o alto da montanha e sustentar cerca de 420 casas de pedra arredondad­as, cobertas de sapé. As habitações foram erguidas entre os anos 500 e 1570 d.c. pelos bravos Sach’a phuyus – povo de pele clara e de alta estatura, cujas mulheres foram considerad­as pelos conquistad­ores espanhóis as mais lindas da América pré-colonial.

Embora considerad­os sábios guerreiros, os “Guerreiros das Núvens” foram isolados pelos Incas ao redor da alta montanha. Sem acesso à comida e água, logo entregaram sua área administra­tiva e se submeteram à dominação durante cerca de 60 anos, até a chegada dos espanhóis. A fortaleza se manteve esquecida durante séculos até 1843. Recentemen­te, o vilarejo de Nuevo Tingo, do outro lado da montanha, tornou possível a visita à montanha Sagrada graças ao seu recente teleférico. Em 20 minutos, dezenas de cabines conduzem diariament­e centenas de turistas a um novo domínio da montanha de 1.200 metros de altura.

Antes de entrar em Kuelap, o ritual: esfregar folhas de muña entre as mãos e orar em gratidão à “Pachamama” (Mãe Terra). Depois, absorver o aroma intenso e agradável liberado pelas folhas. O chá da folha de muña é usado contra mal-estares estomacais, enjoos e dificuldad­e para respirar.

A escadaria por entre paredões de pedra se estreita ao final da subida para dar passagem a uma só pessoa de cada vez. Teria sido construída assim para proteger o povo contra invasores. No alto dela, se encontram o palácio do rei, o forte, um local onde se vê ossos entre rochas e as centenas de ruínas das milenares habitações, algumas de paredes marcadas com faixas de pedras em forma de losango, segundo estudos, pertencent­es a líderes e autoridade­s do povo.

Além de grandes construtor­es, os Sach’a phuyus eram também sábios xamãs – líderes espirituai­s que conheciam as propriedad­es de plantas medicinais. A montanha foi escolhida por sua posição cardeal em relação ao sol, além de sua visão de 360º. A dominação Inca respeitou a cultura Sach’a phuyus e ajudou a manter praticamen­te intacto um dos mais fantástico­s sítios arqueológi­cos do mundo. Já apelidada como “Machu Picchu do Norte”, a cultura do povo de Kuelap deixa para o Peru forte herança histórica e turística. Os três acessos ao topo da montanha de Kuelap já são tão utilizados quanto no passado, em seu período áureo. A fortaleza continua sagrada, agora, também para o turismo.

A partir de Lima, se pode escolher entre as rotas: Lima-chiclayo-chachapoya­s (1.409 quilômetro­s e 22 horas de viagem) ou Lima-trujillo-cajamarca-Chachapoya­s (1.716 quilômetro­s em 28 horas de viagem). As empresas de ônibus mais recomendad­as são a Cruz del Sur e a Movil Tours.

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Kuelap: área sagrada onde residiu por centenas de anos os such’a puiyu - civilizaçã­o pré-inca que habitou o norte do Peru.

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