Destak

Já não somos coitadinho­s

- LÍDIA PARALTA GOMES Jornalista do semanário ‘Expresso’

Um dos sentimento­s mais complicado­s de lidar quando somos garotos (e bem, no resto da nossa vida) é o da injustiça. Lembro-me bem de o sentir naquele Alemanha-portugal que nos colocou fora do Mundial de 98, um dos episódios mais traumático­s da história recente do futebol português. Não há muita gente que não saiba quem é Marc Batta, o árbitro francês que expulsou Rui Costa, precipitan­do o empate da Alemanha campeã da Europa, quando Portugal é que jogava bem. Não me parece que tal coisa fosse hoje possível, porque ganhámos estatuto, Bolas de Ouro e um título de campeões da Europa. Mas o estatuto, na verdade, o que interessa? Pode dar-nos aquele respeitozi­nho que Batta não nos teve, mas o que interessa mesmo é ter uma equipa preparada para todas as situações, como aquela que Fernando Santos tem vindo a criar nos últimos anos. Depois de um percalço inicial na qualificaç­ão, com uma derrota na Suíça, era preciso ganhar os jogos todos para chegar ao Mundial de 2018. Fernando Santos disse que íamos ganhar. E ganhámos. O último jogo da qualificaç­ão foi bem paradigmát­ico daquilo que é esta Seleção Nacional: uma equipa que sabe moldar-se aos acontecime­ntos, que consegue, no mesmo jogo, jogar de forma brilhante e de forma pragmática. Uma equipa moderna. O bilhete para a Rússia, frente a uma equipa que apenas perdeu um jogo, foi algo quase natural e que às tantas parecia que nunca havia estado em causa. Porque a confiança que Fernando Santos passa aos jogadores também já passou para todos nós.

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