Diário de Notícias

Marcelo. Uma aventura na América Latina

Presidente parte hoje para viagem de oito dias ao ritmo de Marcelo. Regressa a Lisboa a tempo do debate do OE

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ANSELMO CRESPO (TSF) Quem já fez viagens com Marcelo Rebelo de Sousa sabe que é preciso calçado adequado. O Presidente que dorme pouco tem passada larga e raramente deixa alguém para trás quando se trata de afetos. Em Cuba não deve ser muito diferente. Marcelo chega a Havana na terça-feira por volta da hora do jantar e começa quarta, bem cedo, a calcorrear as ruas da capital cubana. O passeio pelo centro histórico tem visita guiada do historiado­r Eusébio Leal, principal responsáve­l pela recuperaçã­o da zona nobre da cidade. Sempre a pé, o Presidente passa ainda pela Guardería Padre Usera, uma congregaçã­o das Irmãs do Amor de Deus, onde o aguarda o arcebispo de Havana, D. Juan García, e pela biblioteca Eça de Queirós, na Chancelari­a de Portugal, que será inaugurada por Marcelo. Tudo antes de almoço. Cansado? Isto não é nada.

Um dos principais objetivos da Presidênci­a nesta visita de Estado é reforçar as relações económicas entre Portugal e Cuba, país que se debate há mais de 50 anos com o bloqueio económico imposto pelos Estados Unidos. Em fim de mandato, Barack Obama abriu as portas a uma nova relação com Cuba e Marcelo quer aproveitar a boleia. Pela primeira vez, Portugal terá um pavilhão na Feira Internacio­nal de Havana, a maior das Caraíbas, que arranca no fim do mês. Antes, Marcelo participa num almoço entre empresário­s cubanos e portuguese­s em Havana, onde deverá apelar ao reforço das relações comerciais entre os países. Cuba é hoje o 55.º melhor cliente de Portugal, com um volume de exportaçõe­s que atinge 46 milhões de euros, e o nosso 74.º maior fornecedor, num volume de importaçõe­s de 27 milhões (2015).

Mas não é apenas no plano económico que Marcelo quer deixar marca nesta viagem a Cuba. O Presidente leva no bolso um voto por unanimidad­e do Parlamento português contra o bloqueio e o assunto não deve escapar aos encontros com Raúl Castro. Marcelo tem reunião marcada para o fim da tarde de quarta-feira com o presidente cubano, seguindo-se um jantar oficial no Palácio da Revolução.

Antes disso, e se tudo correr bem, deverá encontrar-se com o irmão mais velho. Fidel, o líder histórico da revolução cubana, que abandonou o poder definitiva­mente em 2008, aceitou encontrar-se com o Presidente português, à condição. A saúde de Fidel Castro é frágil e só no dia se perceberá se é viável este encontro que, a acontecer, será no maior recato. A visita de Marcelo a Fidel nem consta do programa oficial da visita de Estado. A figura maior da revolução cubana teve a última aparição pública em abril, no encerramen­to do Congresso do Partido Comunista cubano. Mas Fidel tem-se encontrado com várias figuras mundiais no último ano. Só em setembro, esteve com os primeiros-ministros chinês e japonês e com o presidente do Irão. Em fevereiro recebeu o líder da Igreja Ortodoxa russa, o patriarca Cirilo, depois de, em 2015, ter estado com o Papa Francisco e o presidente francês.

A aventura de Marcelo pela América Latina inclui ainda uma passagem pela Colômbia, onde participa na Cimeira Ibero-Americana em Cartagena da Índias, e termina em Brasília, onde decorre a cimeira da CPLP.

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