Diário de Notícias - Dinheiro Vivo
“É importante intensificar a estratégia de diversificação”
O apelo é de Luís Castro Henriques, presidente da AICEP, que defende ser fundamental, “mais do que nunca”, encontrar novos mercados e clientes para que as empresas continuem a procurar subir na cadeia de valor e “conquistar segmentos mais valorizados e exigentes”. Porém, para lá chegar será necessário reforçar a aposta na inovação e desenvolvimento (I&D), que muitos negócios nacionais conseguiram explorar durante os primeiros meses de crise pandémica. “A pandemia trouxe desafios, mas também oportunidades às empresas portuguesas. Várias reconverteram a sua produção com produtos necessários ao combate à covid-19, muitos deles inovadores”, diz.
O líder da agência de investimento deixou, durante o discurso de abertura da Conferência Anual da AICEP, um sinal de reconhecimento e esperança aos empresários, recordando o percurso “certíssimo” antes da chegada do coronavírus. A conquista de novas geografias através da “competitividade e do talento” nacionais mostram, para Castro Henriques, que “não há razão nenhuma para não continuarmos no mesmo caminho”. Nelson de Souza aproveitou a sua intervenção para aplaudir o trabalho desenvolvido pela AICEP e o seu “papel importantíssimo” desde março, mas também ao longo do último ano, no apoio ao investimento. Entre a carteira de projetos de I&D e internacionalização no valor de 12 mil milhões de euros, ao abrigo do Portugal 2020, a instituição é responsável pela gestão de quase um terço dos fundos. “Com 30% do incentivo, conseguiu apoiar e atrair 38% do investimento, portanto está na direção certa”, afirma.
Durante o período de Estado de Emergência, a AICEP “ultrapassou a meta de pagamentos de incentivos feitos às empresas e associações”, injetando “mais de 60 milhões de euros na economia”, recorda Luís Castro Henriques. O responsável, que enfatizou a resiliência dos gestores, destacou a atração de investimento que a agência conseguiu manter nos últimos meses, mas também algumas das ferramentas que colocou à disposição dos empreendedores, como o Portugal Exporta. A nova funcionalidade da plataforma de aceleração das exportações disponibilizou recomendações personalizadas de mercados digitais que permitem “criar um plano de internacionalização digital acompanhado pela AICEP”. O objetivo, refere, é capacitar as empresas para o mercado de e-commerce, em amplo crescimento em todo o mundo.
“Tínhamos [no final de 2019], pela primeira vez desde sempre, ultrapassado a fasquia dos 90 mil milhões de euros em exportações”, sublinha Augusto Santos Silva, reforçando o papel da agência na atração de investimento. O valor de vendas ao exterior aproximava-se, antes do impacto da covid-19 nas contas nacionais, “da meta que tínhamos definido para atingir metade do PIB” em exportações, recordou o ministro dos Negócios Estrangeiros. O caminho para a retoma passa, defende, pela recuperação desta prioridade e pela diversificação de mercados, evitando dependência excessiva de um só canal de escoamento para as empresas.