Diário de Notícias - Dinheiro Vivo
Teses sobre biocombustíveis, inovação na empresa e a figura do autor distinguidas com prémio científico
Os vencedores, Ana Rita Sousa, Monique Branco e Ricardo Zimmermann, irão receber os prémios numa cerimónia a realizar em dezembro.
Acabam de ser anunciados os vencedores do Prémio Científico Mário Quartin 2020. Ana Rita Sousa, da Universidade de Coimbra, Monique Branco, da Universidade do Porto, e Ricardo Zimmermann, da Universidade de Aveiro, são os grandes vencedores da 11ª edição deste troféu, que é acompanhado pelo valor pecuniário de 3000 euros para cada galardoado. Este troféu, criado por iniciativa do Santander Universidades e da Casa da América Latina, distingue anualmente as melhores teses de doutoramento realizadas em Portugal e naquela região americana.
Com três categorias diferentes, este ano os galardões distinguiram teses que se debruçam sobre os biocombustíveis, a melhoria do desempenho das empresas trazido pela ligação entre a inovação e a gestão das cadeias de abastecimento, e a ficcionalização da figura do autor na literatura.
Na categoria de Tecnologia e Ciências Naturais, a tese de Monique Branco suplantou todas as outras candidatas. Esta engenheira resolveu analisar a viabilidade de se produzirem biocombustíveis a partir de microalgas. Mas fez mais do que isso: utilizou os resíduos que são usados nesse processo para extrair outros produtos, que têm valor de mercado.
“O tema da tese de doutoramento foi a análise da produção de biocombustíveis e compostos de valor acrescentado, que são aqueles que têm um valor alto de mercado como pigmentos, ómega 3 ou 6, proteínas, etc. -, utilizando a massa de microalgas”, explicou a investigadora.
Diz Monique que, neste trabalho, utilizou um conceito de biorrefinaria, que é análogo àquele utilizado numa refinaria de petróleo, onde se obtêm vários compostos a partir de um único recurso natural, no caso, as microalgas.
Outro dos critérios apreciados para a atribuição dos Prémios Científicos Mário Quartin Graça, além do manifesto interesse dos temas para os países de ambos os lados do Atlântico, é a sua originalidade. No caso da tese de Monique Branco, “a vertente inovadora é justamente a utilização dessas fontes alternativas à produção tradicional de biocombustíveis, porque eles têm um reduzido impacto ambiental”, avançou.
Original também foi a tese de Ricardo Zimmermann que venceu este Prémio Científico na categoria de Ciências Económicas e da Empresa. “A tese teve por objetivo principal compreender como a relação entre as competências e capacidades das empresas para a inovação e a sua estratégias de gestão da cadeia de abastecimento podem colaborar para melhorar o desempenho das empresas”, avançou Ricardo Zimmermann.
E é precisamente esta ligação, entre estratégias de gestão da cadeia de abastecimento de uma empresa e as suas competências de inovação, “que não havia sido feito antes”, garantiu Ricardo Zimmermann.
Na categoria de Ciências Sociais e Humanas, a ponte que Ana Rita Sousa fez entre a escritora portuguesa Maria Gabriela Llansol e o autor chileno Roberto Bolaño valeu-lhe a conquista do Prémio Mário Quartin Graça.
“A inovação deriva sobretudo da aproximação, que é rara, entre uma autora portuguesa, e um autor latino-americano, de língua espanhola. Regra geral, estas aproximações no espaço ibero-americano são mais comuns quando a língua coincide: entre Portugal e o Brasil, entre Espanha e os países de língua espanhola”, disse a investigadora. É já na próxima segunda-feira, 26 de outubro, que vai ter lugar a inauguração oficial da 42 Lisboa, uma escola de programação que já foi classificada como a “n 1 do mundo” e que este ano chega a Portugal. A cerimónia decorrerá na sede da instituição, na Penha de França, em Lisboa, às 18 horas, onde entre outras personalidades, estarão os seus fundadores e patrocinadores.
Desde que iniciou as operações em Portugal, a 27 de julho, a 42 Lisboa já atraiu 5600 candidatos, com idades entre os 17 e os 70 anos, dos quais 800 já passaram a primeira fase ao completarem com sucesso os testes online. Esta segunda-feira, 19 de outubro, os primeiros 150 candidatos deram o passo seguinte e mergulharam na Piscine, a última fase do processo de seleção dos alunos que integrarão a 42 Lisboa em fevereiro de 2021.
Com forte apoio no mecenato, a 42 Lisboa é inteiramente gratuita para os seus alunos. Para tal conta com o patrocínio de entidades como o Santander Universidades ou a Vanguard Properties e de filantropos como a empresária chinesa Ming C. Hsu.
Na cerimónia de inauguração, cada um dos parceiros partilhará a sua visão para o futuro da tecnologia na sua indústria. Estarão também alguns dos candidatos a alunos daquela que é considerada uma das melhores escolas de programação do mundo, filial da 42 Paris, com presença em mais de 20 países do mundo – e, agora, em Portugal.
Uma das teses premiadas analisou a possibilidade de se produzir biocombustíveis a partir de microalgas.