Sporting e FC Porto anulam-se em “clássico” com quatro golos
O golo do empate, aos 87’, dá nexo ao resultado, depois de as equipas se terem anulado em toda a linha. O FC Porto foi penalizado pelo seu conservadorismo e apatia na segunda parte
Sporting 2
Nuno Santos 9’, Vieto 88’ FC Porto 2
Uribe 25’, Corona 45’’
Jogo no Estádio José Alvalade, em Lisboa.
Sporting Adán, Neto ●45’ (Tiago Tomás, 62’), Coates ●80’, Feddal ●61’, Porro (João Mário, 78’), Palhinha, Matheus Nunes (Sporar, 78’), Nuno Mendes, Pote ●11’, Nuno Santos (Gonzalo Plata, 62’), Jovane (Vietto, 56’). Treinador Rúben Amorim.
FC Porto Marchesín ●87’, Manafá (Nanu, 76’), Mbemba, Pepe, Zaidu ●21’, Uribe (Taremi,90’+2’), Sérgio Oliveira, Otávio ●55’ (Romário Baró, 76’), Corona ●19’, Luis Díaz (Toni Martínez, 59’), Marega (Felipe Anderson, 56’). Treinador Sérgio Conceição.
Árbitro Luís Godinho (AF Évora)
Positivo/Negativo
Palhinha
Grande jogo do médio, que é um claro upgrade como jogador mais recuado do meio-campo. Muita agressividade sem bola e muita predisposição para dar linhas de passe na primeira fase de construção.
Pepe
Jogo tremendo do capitão portista, “limpando” tudo o que apareceu pela frente.
Corona
Não foi brilhante durante 90 minutos, mas voltou a mostrar magia quando foi chamado a decidir.
Coates e Neto
Muitos erros técnicos dos centrais “leoninos” que podiam ter custado caro.
2.ª parte do FC Porto Em bom português, o FC Porto colocou-se a jeito para o que veio a acontecer.
O Sporting não ganha um clássico na I Liga desde 2016. São já mais de quatro anos sem triunfos em jogos grandes e também não foi ontem que a sina mudou. Sporting e FC Porto empataram (2-2), num jogo que poderá permitir ao Benfica alargar a vantagem para os rivais. O golo de Vietto, aos 87’, dá justiça ao resultado, depois de as equipas se terem anulado em toda a linha. O FC Porto foi penalizado pelo conservadorismo na segunda parte e, numa análise limitada às oportunidades claras de golo, até poderia ter saído de Alvalade com menos do que um ponto.
A primeira parte foi intensa, como se espera de qualquer clássico, e, apesar de nem sempre bem jogada, teve vários lances junto das áreas. Nenhuma das equipas controlou claramente o jogo, mas o Sporting, apesar de um livre perigoso de Sérgio Oliveira no primeiro minuto, pareceu entrar mais confortável, sobretudo porque corrigiu, com a entrada de Palhinha no “onze”, um dos problemas da equipa: soluções na primeira fase de construção.
A anterior dupla, Matheus e Wendel, escondia-se do jogo, deixando os centrais reféns de linhas de passe, mas Palhinha esteve permanentemente a oferecer-se para receber e circular, o que deu fluidez à primeira fase de construção “leonina” — e nem mesmo isto evitou os constantes erros técnicos de Neto e Coates.
E foi precisamente por Palhinha que surgiu o primeiro bom lance do Sporting, com o médio a mostrar muita agressividade sem bola. Depois da acção defensiva do médio,
Jovane isolou Matheus , que permitiu a defesa a Marchesín. Este foi o aviso, aos 8’. Segundos depois, veio o golo. Cruzamento largo de Porro e Nuno Santos, com Manafá a defender muito por dentro, teve espaço para rematar de primeira.
O jogo do FC Porto estava algo dependente dos raides individuais de Corona e Luis Díaz — o mexicano criou um bom lance aos 13’ e o colombiano aos 22’ —, com a equipa a explorar pouco aquilo que mais sabe, a profundidade. Marega foi mais solicitado em apoios frontais do que no espaço e poucas jogadas tinham nexo no ataque portista. E a presença de Sérgio Oliveira tão recuado, no lugar de Danilo, deixou a equipa refém da chegada a área do médio — uma das grandes novidades
do FC Porto da última época.
Aos 25’, numa fase em que os “dragões” estavam a crescer no jogo, Zaidu encarnou Alex Telles e fez um cruzamento perfeito para Uribe fina
lizar — Coates “marcou-o com os olhos”, mas isso não chega.
Aos 45’, pouco depois de Pote desperdiçar um bom lance na área portista, o FC Porto, após um canto a favor do Sporting, conseguiu deixar Luis Díaz apenas perante Nuno Mendes na zona do meio-campo. O duelo físico sorriu ao colombiano, que correu para a área. Foi lá que acabou por surgir Corona a fazer o que mais tem feito: ser decisivo. O mexicano driblou Feddal, com arte, e finalizou
com uma bola “picada”, com a classe habitual. Jogando bem ou mal, ter Corona é, para o FC Porto, estar sempre perto de ser feliz.
Antes do intervalo ainda houve uma roleta russa de emoções para o Sporting. Primeiro, viram Luís Godinho apitar penálti de Zaidu e expulsar o portista. Pouco depois, o VAR sugeriu que o árbitro visse as imagens e o juiz reverteu a decisão. Resultado: staf do Sporting irado, Rúben Amorim expulso e Neto amarelado.
Se a primeira parte não tinha sido brilhante, apesar de alguns lances de bom nível, a segunda foi ainda pior. O jogo decresceu muito de qualidade e assistiu-se a mais erros dos jogadores e faltas do que bom futebol.
Agarrado à vantagem, o FC Porto baixou as linhas e o Sporting, apesar de globalmente dominador, não foi capaz de ferir e colocar passes verticais em zonas de decisão e finaliza
ção — Pote pareceu desperdiçado numa zona tão avançada do terreno, como um dos três da frente. Entrouse numa toada de mais luta do que futebol e, depois de uma primeira parte com muita emoção nas áreas, a segunda, à excepção de um bom disparo cruzado do sempre muito rematador Porro, foi jogada quase “sem balizas”.
O jogo caminhava para o final sem que o Sporting tivesse engenho para destruir a boa organização de uma equipa madura, mas um lance confuso, aos 87’, permitiu a Vietto fina
lizar na pequena área, depois de uma defesa de Marchesín a um remate de Sporar. E este desfecho traz justiça ao que se passou em campo.