CDU-Açores: fim da maioria absoluta do PS “seria uma vitória para os açorianos”
Funcionário do PCP tem 44 anos, é natural de Lisboa e é o rosto principal da CDU nas eleições regionais
A CDU é uma das seis forças políticas que concorrem a todos os círculos eleitorais nas próximas eleições açorianas de 25 de Outubro. Nas últimas regionais, a coligação do PCP e do PEV elegeu um deputado. Em 2020, quer alcançar um grupo parlamentar. Na recta final para as legislativas regionais dos Açores, marcadas para 25 de Outubro, o PÚBLICO faz seis perguntas aos seis líderes regionais das seis forças políticas que vão a votos em todos os dez círculos eleitorais do arquipélago. O primeiro entrevistado é o líder da CDU-Açores, Marco Varela. Tem 44 anos, é natural de Lisboa, é funcionário do PCP desde 2001 e coordenador regional do partido nos Açores desde 2019. É o cabeça de lista da CDU pelo círculo eleitoral do Corvo e da compensação. As eleições dos Açores são compostas por dez círculos eleitorais: um por ilha e um de compensação que reúne os votos que não foram aproveitados nos outros círculos. Apesar de 13 forças políticas concorrerem aos 57 lugares no parlamento regional, apenas PS, PSD, CDS-PP, BE, CDU e PPM concorrem em todos os círculos. São também estes os partidos com representação na assembleia regional, na actual legislatura. O PS governa a região desde 1996 e tem maioria absoluta desde 2000. O PCP tem actualmente um deputado, eleito pela ilha das Flores.
Qual é o maior desafio dos Açores para os próximos quatro anos?
Nós defendemos que é fundamental o crescimento e o desenvolvimento da região de forma harmoniosa, das nove ilhas. Isso passa por termos um reforço em várias áreas, como na questão da produção regional e da valorização dos produtos regionais, com o objectivo claro de
Se ganhasse, a primeira medida que tomava era a valorização do rendimento dos açorianos
diminuição da dependência externa. Para isso tem de haver transportes de qualidade, que vão ao encontro dessas necessidades, sejam aéreos, sejam marítimos, de passageiros ou de mercadorias. Quem diz isso, diz também que tem de haver um reforço muito grande em termos dos serviços públicos, nomeadamente na área da saúde e da educação, e termos também um sector público empresarial regional que seja dinamizador da própria economia.
Se ganhasse as eleições, qual era a primeira medida que tomava?
Era a valorização do rendimento dos açorianos, que, nomeadamente, passa pelo aumento do acréscimo regional ao salário mínimo nacional de cinco para 7,5%.
Retirar a maioria absoluta ao PS é uma vitória eleitoral para a CDU?
O que se coloca, e temos exemplos concretos na região, é que quando não houve maioria absoluta na assembleia regional foi possível avançar com um conjunto de medidas que foram ao encontro das necessidades da região [entre 1996 e 2000]. Não existindo maioria absoluta, existe mais democracia, existe mais diálogo. Não podemos colocar as coisas como uma vitória da CDU, eu penso que seria uma vitória para os açorianos e para a região.
Qual a meta eleitoral do partido para as próximas eleições?
Nós traçámos dois objectivos: aumentar o número de votos e constituir um grupo parlamentar. Traçamos estes objectivos e achamos que é possível. A exemplo de outros actos eleitorais em que foi possível eleger directamente por São Miguel, pelo Faial e pelas Flores.
Se essas metas não forem atingidas, pondera demitir-se?
Isso é uma questão que no nosso partido não se coloca dessa forma. Isto foi uma tarefa que foi dada pelo colectivo partidário. A seguir às eleições a gente naturalmente vai avaliar os resultados, fazer um balanço dos resultados e, mediante isso, tomar decisões.
Ao contrário do continente, nos últimos 16 anos a CDU só ficou uma vez acima dos 3% nas eleições regionais dos Açores. Porquê?
Tem a ver sobretudo com as características do arquipélago. Tem esta questão de ficarmos abaixo dos 3%, mas relembro que há quatro anos fomos a força mais votada numa ilha e tivemos o primeiro deputado a ser eleito pelas Flores. É um sistema eleitoral com características particulares.