O que falta para o “rating” subir?
As quatro agências de “rating” consideradas pelo BCE já fizeram a primeira ronda de avaliação a Portugal do ano. Reconheceram algumas melhorias. Mas estipulam como condição para subir o “rating” uma redução de dívida.
Factores que possam levar a uma acção positiva incluem uma tendência sustentada de descida da dívida sobre o PIB em resultado de uma melhoria do desempenho orçamental . FITCH
Défice a cair. Economia a recuperar. Mas o rácio da dívida pública não desce. Factor que levou as agências de “rating” a não mexerem nem na perspectiva nem na notação de Portugal. Isto apesar de governantes portugueses terem reiterado que as agências estavam a ser injustas com Portugal. A DBRS concluiu esta sextafeira a primeira ronda do ano de avaliações à nota de Portugal das agências que são consideradas pelo BCE . Tal como a Standard & Poor’s, a Fitch e a Moody’s deixou tudo na mesma, apesar de manter Portugal um nível acima de “lixo” e da nota dada pelas outras agências, o que segura a dívida nacional junto do BCE. Nichola James, analista da DBRS que integra a equipa responsável pela nota a Portugal, definiu ao Negócios o que é necessário para ponderar uma melhoria: “Para haver uma subida de “rating” ou um “outlook” positivo, o rácio de dívida tem de estar numa tendência de descida duradoura e sustentável”. Do lado das outras agências, a condição é a mesma. A 17 de Março, a S&P referiu que um dos requisitos para uma melhoria do “rating” era “uma consolidação orçamental continuada que leve o saldo orçamental para um excedente ou que leve a dívida líquida do governo para menos de 100% do PIB”. Foi de 121% em 2016. A 3 de Fevereiro, a Fitch reiterou que uma das condições para acções positivas no “rating ” seria “uma tendência de descida susten- tada dos níveis da dívida sobre o PIB em resultado, por exemplo, de uma melhoria do desempenho orçamental”. A Moody’s não se manifestou sobre Portugal na data potencial de 13 de Janeiro. Mas em alguns comentários a mensagem é a mesma. “O “rating” pode subir se o rácio da dívida pública estiver numa tendência de forte e clara de descida”, referiram numa nota no final do ano passado. E dizem que isso “requer uma continuação da redução do défice ou um crescimento económico significativamente mais forte que o antecipado”. O défice até tem descido e o crescimento a partir do segundo semestre do ano passado também saiu acima do esperado. Esses factores até levaram alguns analistas a admitir que, embora improvável, poderia haver argumentos para a DBRS melhorar o “outlook”. E Mourinho Félix defendeu na semana passada à CNBC que “as três agências de notação financeira vão ter cada vez mais dificuldades em explicar como e por que mantiveram o rating [lixo] por um tempo prolongado”. Mas a descida do défice, que as agências notam que foi conseguida com medidas temporárias como a cativação de despesa e condições