Lesados prometem continuar com invasões até serem pagos
CERCA de cinco dezenas de lesados do Banco Espírito Santo protestaram, ontem de manhã, em frente ao Centro de Congressos da Alfândega do Porto, pela devolução do dinheiro investido em papel comercial do Grupo Espírito Santo (GES).
“Devolvam-nos o nosso dinheiro”, “paguem aquilo que devem” e “tenham vergonha” foram algumas das palavras de ordem entoadas pelos manifestantes.
No interior do edifício, encontravam-se representantes dos vários partidos políticos a participar no “Encontro I.P.S.S. – Na defesa do Estado Social”, entre os quais o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas (CDS/PP), e o presidente do grupo parlamentar do PSD, Luís Montenegro.
“Fui roubado, enganado. Aos 18 anos, fui com uma mala em cada mão para a Venezuela, toda a vida trabalhei, tinha lá muito dinheiro e agora roubaram-me as poupanças de uma vida”, lamentou Fernando Alves, de 81 anos. Queixando-se de problemas de saúde graves, recordou que, numa fase inicial, lhe foi transmitido que o dinheiro investido em papel comercial do GES, adquirido nos balcões do BES, seria devolvido. “É revoltante, mas não me vou ficar”, garantiu.
A mesma garantia foi recebida por Jorge Miguel, igualmente presente no protesto. “Quando se iniciou este processo, sempre me disseram que iria reaver o que investi. Inclusivamente, tenho um email do meu gestor a dizer: ‘Fique descansado que o dinheiro será devolvido’”, disse.
Hugo Martinho, em representação do pai, de 63 anos, reforçou: “Têm de nos pagar. Não vamos desistir. Se o dinheiro não for devolvido, quando o banco for comprado, nós vamos continuar com as invasões. Não são 2500 lesados, são 2500 famílias.”