7 truques para evitar.
OCORREM TRÊS POR HORA EM PORTUGAL, MAS A MEN’S HEALTH DÁ-LHE SETE ESTRATÉGIAS PARA O EVITAR! /
NÃO BRINQUE COM A SUA VIDA!
Um acidente vascular cerebral (AVC) é uma das emergências médicas mais perigosas, pois aparece sem avisar. São inúmeros os casos de AVC fulminantes, mas também existem histórias de sucesso, umas por sorte, mas muitas outras porque a prevenção foi a jogada certa para evitar um dissabor. De acordo com a dra. Mariana Carvalho Dias, interna de Neurologia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, “os principais mecanismos que causam AVC isquémicos são a deposição de placas de aterosclerose (mais acentuada em fumadores, diabéticos, hipertensos e indivíduos com dislipidemia) nas artérias responsáveis pela circulação cerebral, provocando uma diminuição do fluxo sanguíneo para determinadas regiões cerebrais”. Mas um mal nunca vem só: também é possível que o AVC esteja relacionado com “a oclusão de artérias de menor calibre nas regiões mais profundas do cérebro (mais frequentemente em doentes hipertensos e diabéticos) ou doenças cardíacas (como a fibrilhação auricular) que podem levar à formação de trombos no coração que se podem soltar e ocluir as artérias cerebrais”. Já no que diz respeito aos AVC hemorrágicos, as causas prendem-se com “a hemorragia subaracnoideia, que ocorre por rutura de um aneurisma cerebral (dilatação num segmento de uma artéria cerebral), ou com a hemorragia intracerebral, provocada por diversos motivos, nomeadamente hipertensão”, acrescenta a especialista. Já captámos a sua atenção? Então preste atenção às próximas sete estratégias anti-AVC!
ESTRATÉGIA #1 Preste atenção aos fatores de risco
Uma dieta descuidada pode contribuir para o aparecimento de vários fatores de risco de AVC. “O excesso de sal aumenta a probabilidade de desenvolver hipertensão arterial e uma alimentação rica em açúcares aumenta o risco de desenvolver diabetes mellitus. Por outro lado, uma alimentação rica em gorduras (sobretudo saturadas) aumenta o risco de desenvolver dislipidemia”, alerta o dr. João Pedro Marto, interno de Neurologia do Hospital de Egas Moniz . Escusado será dizer que a falta de exercício físico e o sedentarismo são mais fatores de risco para a ocorrência de um AVC. Já agora, fuma ou bebe com frequência? O tabagismo e o consumo de bebidas alcoólicas também estão associados a um maior risco de AVC. Segundo o especialista, “o consumo superior a dois copos de vinho por dia é considerado um fator de risco, assim como o uso de drogas recreativas (haxixe/ marijuana) e cocaína, sobretudo no subgrupo dos jovens”.
ESTRATÉGIA #2 Atue assim perante um AVC
A cada minuto que passa, a pessoa que sofre um AVC perde 1,9 milhões de neurónios e só uma ação rápida permite salvar o cérebro, reduzindo as probabilidades de ficar incapacitado. Assim que detetar qualquer sintoma de AVC
– do próprio ou de quem esteja por perto -, “contacte o mais depressa possível os serviços de emergência (112) para assegurar rapidamente o transporte em ambulância até ao hospital. Todos os minutos contam no AVC e é importante agir rapidamente a partir do momento em que são detetados os sintomas de alteração da fala, boca ao lado ou perda de força num braço/ perna”, alerta o dr. Ricardo Soares dos Reis, interno de Neurologia do Centro Hospitalar de São João. Já passaram mais de seis horas desde o início do episódio? Vá na mesma ao hospital, “pois os sintomas podem agravar-se nos primeiros dias e necessitar de outros tratamentos”, aconselha a dra. Liliana Pereira, assistente hospitalar de Neurologia no Hospital Garcia de Orta. Em todos os casos, no hospital (ou centro de saúde), devem ser feitos exames para procurar a causa do AVC, pois só assim o médico pode dar a medicação mais adequada.
ESTRATÉGIA #3 Ajude quem estiver a ter um AVC
Primeiro que tudo, mantenha a calma e converse com a pessoa afetada num tom de voz suave e reconfortante, pois é natural que ela esteja assustada. Depois, nunca a deixe sozinha até à chegada da ambulância para vigiar os sintomas e evitar quedas ou outras lesões. “Se a pessoa tiver dificuldade em respirar, tire ou desaperte as roupas que estiverem a interferir. Se não estiver a respirar de todo, inicie rapidamente as manobras de suporte básico de vida (SBV), se existirem condições para tal”, aconselha o dr. Ricardo Soares dos Reis. Pode colocar um cobertor para a pessoa ficar mais confortável e, assim, minimizar as perdas de calor.
ESTRATÉGIA #4 Deixe trabalhar os enfermeiros
Está perante a suspeita de um AVC? Já sabe que deve ligar para o 112. Se nessa chamada telefónica “referir o início súbito de um dos 3 F: FACE desviada, FORÇA diminuída num braço e/ou FALA alterada, é ativada a Via Verde do AVC e uma ambulância irá buscar o doente para o levar para ao hospital mais próximo e adequado (que tenha os cuidados necessários)”, explica a prof. dra. Elsa Azevedo, neurologista do Centro Hospitalar de São João e membro da direção da SPAVC e da Portugal AVC. Pelo caminho, o doente vai sendo avaliado e o hospital é avisado “para entrar na Urgência do hospital com prioridade, de maneira a ser logo visto pela equipa médica de AVC”. A chegada do doente através da ligação ao 112-INEM reduz imenso o tempo entre o início dos sintomas e o tratamento, facilitando a recuperação. “Enquanto cerca de metade dos doentes levados por ambulância acionada pelo 112 conseguem fazer tratamentos mais eficazes, apenas menos de um décimo dos doentes levados à Urgência particularmente conseguem chegar a tempo”, informa a dra. Elsa Azevedo. Dá que pensar, não dá?
ESTRATÉGIA #5 Acredite nos tratamentos
As opções terapêuticas para AVC isquémico têm evoluído de forma muito significativa e, de uma forma simplista, poder-se-ão resumir os tratamentos para AVC em fase aguda e de prevenção vascular. No que diz respeito à fase aguda, “o objetivo essencial passa por resolver a oclusão arterial. Este processo poderá ser realizado através da administração de um químico (alteplase) e/ou da trombectomia mecânica, utilizando dispositivos (cateteres que navegam dentro das artérias) para remover o trombo”, explica o dr. João Sargento Freitas, neurologista do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Mas há mais...
ESTRATÉGIA #6 Aposte na prevenção
É verdade que a mortalidade provocada pelo AVC tem vindo a diminuir, mas o número de pessoas afetadas (pela doença e suas consequências) continua a aumentar. Prevenir a ocorrência de AVC é prevenir a incapacidade futura, com perda de qualidade de vida, capacidade laboral e participação familiar. E prevenir é fácil. De acordo com o dr. Miguel Rodrigues, neurologista do Hospital de Garcia de Orta, “nove em cada dez AVC podem ser evitados quando se controlam fatores de risco como a hipertensão arterial, sedentarismo, dislipidemia, maus hábitos alimentares, obesidade, tabagismo, doenças cardíacas, consumo de álcool e diabetes mellitus”. Quer reduzir em 75% as consequências do AVC? “Então só tem de seguir uma alimentação equilibrada, não fumar e praticar exercício físico”, aconselha o neurologista.
Não é assim tão difícil seguir esta estratégia para viver mais anos com qualidade, não concorda?
ESTRATÉGIA #7 Saiba lidar com um pós-AVC
Além dos défices neurológicos decorrentes do evento vascular, podem surgir no pós-AVC sintomas psiquiátricos, quer da esfera afetiva, cognitiva e/ou comportamental. Dentro destes, os mais comuns são os sintomas depressivos, de ansiedade, a apatia e a instabilidade emocional. A depressão pós-AVC afeta cerca de 33% dos pacientes. “A presença de sintomas depressivos persistentes no status pós-AVC está associada a um maior risco de mortalidade após o evento e a maior deterioração do estado físico e mental do doente a longo prazo, bem como a aumento do risco de suicídio”, elucida a dra. Ana Machado, psiquiatra da Unidade Psiquiátrica Privada de Coimbra . Nesta população, “a deteção de sintomas depressivos pode tornar-se mais difícil, decorrente dos défices neurológicos subjacentes (por exemplo, em situações em que a capacidade de comunicação verbal ficou comprometida). É aqui que os familiares próximos e amigos assumem um papel de grande importância na deteção precoce de sintomas (perda de apetite, diminuição da energia e vontade de participar em atividades sociais, alteração do padrão de sono, ideias de desvalorização pessoal) e procura de cuidados especializados de saúde mental”, explica a psiquiatra. O tratamento dos sintomas psiquiátricos após um AVC passa pela “combinação de estratégias farmacológicas e psicoterapêuticas, sendo que alguns estudos revelam que a terapêutica antidepressiva pode, inclusive, ter um papel nos sintomas motores de forma independente”. Com o tratamento adequado, a pessoa pode recuperar dos sintomas neuropsiquiátricos e aumentar o grau de independência nas atividades de vida diária, contribuindo assim para a melhoria do prognóstico global.
CERCA DE METADE DOS DOENTES LEVADOS PELO 112 CONSEGUEM FAZER TRATAMENTOS MAIS EFICAZES. MENOS DE 1/10 DOS DOENTES LEVADOS À URGÊNCIA DE FORMA PARTICULAR CHEGAM A TEMPO!