O Jogo

“A época tem sido perfeita”

Entrevista a Gustavo Veloso, vencedor da Volta 2015

- CARLOS FLÓRIDO

Tem 36 anos, já leva seis em Portugal e, sendo um contrarrel­ogista, diz-se que o traçado desta Volta o favorece. Vai procurar o tri, podendo levar o FC Porto a um triunfo que não festeja desde 1982

Só Joaquim Agostinho e David Blanco festejaram três Voltas a Portugal consecutiv­as. Gustavo Veloso, o galego que nas últimas épocas tem sido o melhor corredor do pelotão português vai tentá-lo a partir de amanhã, saindo de Oliveira de Azeméis para chegar no dia 7 de agosto a Lisboa. Com a W52 ligada ao FC Porto, a responsabi­lidade de Veloso cresceu.

Que espera desta Volta? — Não ter azares, como quedas oudoenças,eestara100%,para tentar ganhar outra vez. Não seria lógico não assumir isso, pois nos últimos anos fui segundo, primeiro e primeiro. Sou o favorito. Mas não sou o único.Jánosoutro­sanoshouve ciclistas que me fizeram a vida difícil e eles vão evoluindo. Fala do Jóni Brandão ou de mais ciclistas? — Falo do Jóni ou do Amaro Antunes, que nos últimos três a quatro anos têm evoluído sempre. Mas também há Rui Sousa, Alex Marque ou o Daniel Silva, que está sempre perto e pode dar o pequeno salto para discutir a Volta. E há o Nocentini e o João Benta. Todas as equipas portuguesa­s têm o seu homem para a geral e não subestimo ninguém. O Nocentini será a novidade. É um grande adversário?

— Claro. Por isso o Sporting o foi buscar. Tem experiênci­a. Conhecia-o de outras corridas, como a Volta a Espanha, e sei que será um grande rival. Mas em cima da bicicleta se verá. Ter FC Porto e Sporting mudará algo na Volta? — Não sei bem. Espero mais gente. Mais gente a favor, mas também gente contra. Embora o ciclismo não seja como o futebol, há um grande respeito entre os ciclistas. Quando vencemos no Porto, notou-se que tínhamos um calor especial. Mas isso pode significar frio em Lisboa… É inevitável e vamosacont­ar,masnãotemo­s o hábito das rivalidade­s do futebol. No Grande Prémio JN vieram uns adeptos do Sporting tirar fotografia­s comigo. Gosteimuit­o.Éassimqued­eve ser o desporto, com respeito. Sem final na Torre, esta será uma Volta diferente? — Tem-se dado muita importânci­a a isso. Creio que chegar na Torre ou na Guarda será o mesmo. É uma montanha muito dura, mas entre fazer como no ano passado, quando se subiu à Torre sem outra dificuldad­e antes, gerando diferenças mínimas, ou como neste ano, com duas subidas na serra da Estrela antes de ir para a Guarda, será semelhante. Nos últimos anos, não se ganhou a Volta ali, mas pode-se perder. Quem chegar ao alto comumminut­odeatrasop­ode ter dez na Guarda... Já ganharam grandes corridas, mas faltou Torres Vedras. Com isso seria época perfeita? — É uma grande época, diria que até agora é perfeita. Mais importante que as vitórias é a atitude da equipa. Já sete ciclistas nossos conseguira­m vitórias e isso dá outro significad­o ao que temos feito. O Nuno Ribeirofez­umaexcelen­tegestão e todos tiveram oportunida­de, chegando agora à Volta preparados para apoiar um líder. Já eu passei o ano a trabalhar para outros. Essa é a magia desta equipa, todos trabalham e todos discutem corridas. Se ganhar a Volta será um feito, pois o FC Porto não o faz há 34 anos. — Sei disso. Mas irei isolar a cabeça. Vou tentar discutir a Volta, se a ganhar faço a festa depois. Haverá tempo para todas as celebraçõe­s.

“Se nos últimos anos fui segundo, primeiro e primeiro, sou o favorito. Mas não sou o único”

Gustavo Veloso

W52-FC Porto

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