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O que vem à rede

A guerra dos clones

- ALEX GAMELA Twitter: @alexgamela

Se tudo está a ficar igual, por onde começamos a mudança? O Messenger do Facebook foi buscar algumas funcionali­dades ao Snapchat, que já tinha sido copiado pelo Instagram que, basicament­e, é um Tumblr de fotos pessoais para amigos, com filtros que dão pinta às fotos que tiramos. É um abuso, e isso vê-se pelo espaço que a aplicação ocupa na memória do smartphone, um aparelho que deriva de outro que antes servia para fazer chamadas. Porquê esta mania de ter ferramenta­s com um propósito inicial simples e desenvolvê-las ao ponto de nem nos lembrarmos para que é que serviam no início? No caso do Facebook, a estratégia parece ser dupla: primeiro, emulam as melhores funcionali­dades da concorrênc­ia (mal, mas tentam) para não ficarem para trás; segundo, concentram numa só funcionali­dade tudo o que tinham na sua plataforma principal. Ou seja, o futuro do Facebook não é o perfil pessoal, mas o chat hiperfunci­onal, com bots e tudo. O problema é que, em vez de conversar, os utilizador­es tornaram-se mestres em monólogos. E do eco, porque é uma economia de partilha, apesar de ser cada vez mais fechada ao que é diferente. Se todas as redes sociais estão a ficar iguais, se toda a gente acha que as redes sociais são a internet, o que é que virá de novo? Tim Berners-Lee disse recentemen­te que fomos todos nós a construir a Web que temos, e que temos que ser nós a definir a que queremos. Eu concordo, mas acho que já vamos tarde. Neste momento somos meros passageiro­s em vez de viajantes, e há uma grande diferença entre ver a paisagem ou descobri-la. O que temos é uma invasão das narrativas expositiva­s em interfaces conversaci­onais, e ficamos todos a perder. A arte do diálogo está cada vez mais pobre, sem que se melhore muito a arte do discurso.

Se todas as redes sociais estão a ficar iguais, se toda a gente acha que as redes sociais são a internet, o que é que virá de novo?

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