O que vem à rede
A guerra dos clones
Se tudo está a ficar igual, por onde começamos a mudança? O Messenger do Facebook foi buscar algumas funcionalidades ao Snapchat, que já tinha sido copiado pelo Instagram que, basicamente, é um Tumblr de fotos pessoais para amigos, com filtros que dão pinta às fotos que tiramos. É um abuso, e isso vê-se pelo espaço que a aplicação ocupa na memória do smartphone, um aparelho que deriva de outro que antes servia para fazer chamadas. Porquê esta mania de ter ferramentas com um propósito inicial simples e desenvolvê-las ao ponto de nem nos lembrarmos para que é que serviam no início? No caso do Facebook, a estratégia parece ser dupla: primeiro, emulam as melhores funcionalidades da concorrência (mal, mas tentam) para não ficarem para trás; segundo, concentram numa só funcionalidade tudo o que tinham na sua plataforma principal. Ou seja, o futuro do Facebook não é o perfil pessoal, mas o chat hiperfuncional, com bots e tudo. O problema é que, em vez de conversar, os utilizadores tornaram-se mestres em monólogos. E do eco, porque é uma economia de partilha, apesar de ser cada vez mais fechada ao que é diferente. Se todas as redes sociais estão a ficar iguais, se toda a gente acha que as redes sociais são a internet, o que é que virá de novo? Tim Berners-Lee disse recentemente que fomos todos nós a construir a Web que temos, e que temos que ser nós a definir a que queremos. Eu concordo, mas acho que já vamos tarde. Neste momento somos meros passageiros em vez de viajantes, e há uma grande diferença entre ver a paisagem ou descobri-la. O que temos é uma invasão das narrativas expositivas em interfaces conversacionais, e ficamos todos a perder. A arte do diálogo está cada vez mais pobre, sem que se melhore muito a arte do discurso.
Se todas as redes sociais estão a ficar iguais, se toda a gente acha que as redes sociais são a internet, o que é que virá de novo?