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Colocámos frente-a-frente os processado­res AMD Ryzen 7 1800x e Intel Core i7-7700K.

A nova consola da Nintendo tenta ser um dispositiv­o portátil que permite jogar em todo o lado e uma consola que se pode ligar a uma televisão para jogar sentado no sofá. Mas consegue ser boa, pelo menos, numa destas coisas? Vamos ver.

- Pedro Tróia

Os mais velhos dizem «não se pode ter Sol na eira e chuva no nabal». Ou seja, o melhor de dois mundos é muito difícil de se conseguir, senão, mesmo uma coisa impossível. Quando a Nintendo começou a fabricar consolas de jogos no final do século XX, nunca o fez num único formato, como aconteceu com a Sony, com a Microsoft, ou até certo ponto, com a SEGA (que começou com consolas de mesa e partiu para as consolas portáteis). Aliás, as primeiras máquinas de jogos para o mercado doméstico fabricadas pela empresa japonesa eram portáteis e chamavam-se Nintendo Game & Watch. Antes dos ecrãs LCD de matriz, estes jogos tinham os bonecos desenhados no ecrã em todas as posições que podiam ter. Ao operar os controlos, esses bonecos eram acesos em sequência para dar a impressão de movimento. Mais tarde, mas em paralelo com a oferta portátil, a Nintendo começou a fabricar a Super Nintendo, uma consola de mesa que fez o nome da empresa e que tirou o canalizado­r Mario das salas de jogos de arcada e o colocou em milhões de casas, em todo o mundo. Por isso, como se pode compreende­r, o fabrico de uma consola híbrida era uma coisa inevitável para a Nintendo. Só era preciso que a tecnologia o permitisse. E parece que foi desta.

A SWITCH POR FORA...

O formato exterior da Switch não é um original da Nintendo. Em 2015, uma empresa chinesa chamada Aikun apresentou um tablet Android chamado Morphus X300, que utilizava o mesmo método: dois controlos amovíveis de cada lado do ecrã para permitir jogar confortave­lmente. No entanto, este tablet não tinha uma doca que o permitisse ligar a um televisor, sem ter de desligar cabos, ao contrário do que acontece com a Switch. Esta consola da Nintendo tem um ecrã de 6,2 polegadas capaz de reproduzir imagens a uma

resolução máxima de 720p. A bateria é de 4310 mAh e, segundo a Nintendo, permite alimentar a consola em modo portátil entre três a seis horas.

... E POR DENTRO

Lá dentro está um SoC Nvidia Tegra X1, personaliz­ado para a Nintendo, que inclui quatro núcleos ARM A57 a funcionar a cerca de 1020 MHz, 4 GB de memória RAM, 32 GB de armazename­nto e um GPU (Nvidia, naturalmen­te), que pode funcionar a duas velocidade­s diferentes: a 307,2 MHz, quando está em modo portátil (para poupar bateria), e a 768 MHz, quando está a funcionar ligado à doca. Este aumento de velocidade prende-se com o facto de, quando está ligada a um televisor através da doca, a Switch poder reproduzir imagens a 1080p (1920 x 1080). A Nintendo Switch utiliza, como não poderia deixar de ser, um sistema operativo próprio da Nintendo. Para já, a interface é muito simples, os jogos instalados são os elementos mais em evidência e, em baixo, está uma lista dos ícones que dão acesso à loja online e às funções de configuraç­ão da Switch.

LIGAÇÕES COM O MUNDO

Em termos de entradas, a consola tem uma para auscultado­res (não incluídos) incluídos), uma slot para cartões de memória MicroSD para expandir o espaço de armazename­nto (escondida atrás do kickstand, que serve para colocar a consola numa posição quase vertical quando está em cima de uma mesa, por exemplo), uma porta USB Type-C para a doca e carregamen­to e a entrada para os cartuchos com os jogos. As ligações sem fios incluem Bluetooth 4.1 (que neste momento apenas permite a ligação dos comandos Joy-Con) e a ligação Wi-Fi 802.11 ac para aceder à Internet. A doca incluída tem uma saída HDMI para ligar a à TV, uma entrada USB 3.0 Type-A, que, para já, ainda não tem grande utilidade e uma USB Type-C, para ligar a fonte de alimentaçã­o.

OS COMANDOS JOY-CON

A Nintendo chamou ‘Joy-Con’ aos comandos da Switch, acessórios que podem ser usados de várias formas diferentes: instalados de cada lado da consola quando está em modo portátil, montados num esqueleto (incluído), que lhes dá uma configuraç­ão semelhante à de um comando tradiciona­l para consola para quando está ligada à TV, ou usados por dois utilizador­es diferentes, em jogos multiplaye­r local. Cada Switch permite a utilização de até oito comandos Joy-Com de uma só vez. Mas não é tudo! O Joy-Con da direita inclui um leitor NFC (Near Field Communicat­ion), que permite utilizar os bonecos Amiibo nos jogos

com os quais sejam compatívei­s. Os Amiibo são bonecos em plástico que têm uma etiqueta NFC e que são vendidos em separado. Quando encostados ao leitor NFC de uma consola da Nintendo com esta tecnologia, permitem a transposiç­ão da personagem para o jogo. É também no Joy-Con direito que está presente um sensor de infraverme­lhos que lhe dá a capacidade de determinar a distância a que está de um objecto e reconhecer algumas formas. Uma outra caracterís­tica destes comandos é a presença da tecnologia HD Rumble que, segundo a Nintendo, permite simulara utilização de vários objectos. Por exemplo, o utilizador conseguirá distinguir entre um copo com um ou vários cubos de gelo. Isto é também possível através dos sensores giroscópic­os presentes nos comandos.

A PERGUNTA DO MILHÃO DE DÓLARES: COMO É USAR A NINTENDO SWITCH?

A Switch é muito bem acabada. Comparando com o comando/ tablet que acompanhav­a a Wii U, nos materiais empregues e na montagem, a Switch está muitos furos acima no que à qualidade de construção diz respeito. O ecrã é também excelente. Confesso que acho os Joy-Con pequenos demais. Por exemplo, tanto quando estou a jogar em modo portátil, l, como em modo de mesa, o acesso o aos quatro botões que fazem de joypad pad é um pouco dificultad­o pelo seu u posicionam­ento posicionam­ento, que é fortemente condiciona­do pelo tamanho e pela forma do comando. Acredito que quando a consola é usada por uma criança, ou por um adulto com mãos pequenas, a utilização seja mais confortáve­l. O toque dos manípulos analógicos e dos botões é muito agradável. A precisão e progressiv­idade dos comandos é bastante aceitável. Uma das coisas que mais gostei na Switch é a forma rápida como tudo se passa. Por exemplo, quando se coloca um cartucho, começa-se logo a jogar. Não há a necessidad­e de se actualizar a consola ou o título. E quando há, a actualizaç­ão é descarrega­da em segundo plano e instalada da próxima vez que usar a consola. Outra coisa de que gostei muito foi da forma como é feita a gestão da memória flash. Tudo é transparen­te: quando há um cartão SD instalado, os jogos comprados na loja online são descarrega­dos para este suporte e, na memória da consola, ficam apenas dados como os ficheiros que gua guardam a progressão nos jogos e respect respectiva­s configuraç­ões. Isto passa-se de uma forma completame­nte automática. O que se vê no vídeo publicado pela Nintendo no ano passado, em que aparece uma pessoa a jogar na sala, que depois retira os comandos do suporte, coloca-os na consola e retira-a da doca sem interrompe­r o jogo, pode ser feito exactament­e da mesma forma. Quando se remove a consola da doca, o jogo não pára e o processo é fluido.

BATERIA DURADORA

Por ser muito simples, o software da Switch é também fácil de usar. Se quiser, por exemplo, jogar, insere o cartucho e prime no ícone do jogo; se o tiver já na consola, basta carregar aqui. O sistema de configuraç­ão também é muito simples. As coisas a definir quando usa a consola pela primeira vez são o fuso horário, a password do Wi-Fi e, se já tiver uma conta na Nintendo, tem só de inserir

o nome de utilizador e password. Tal como acontece com as outras consolas da Nintendo, também na Switch podem definir-se controlos parentais, como a quantidade de horas diárias que determinad­o utilizador pode usar a consola e que jogos pode usar. No que respeita aos serviços online, além da loja que já está a funcionar, a Nintendo anunciou que irá disponibil­izar um serviço premium para jogos que irá ser pago; contudo, ainda não foram divulgados preços concretos. A vida da bateria está dentro do anunciado pela Nintendo. Com uma carga completa, o Zelda aguentou cerca de três horas até ser necessário carregar a bateria outra vez. Por falar da bateria, o carregador consegue carregá-la de forma muito rápida, mesmo do zero. Se quiser levar a consola de férias, ou em viagem, aconselho a fazer-se acompanhar do carregador de série, ou, se não quiser removê-lo da doca, a comprar um novo. Apesar de ser possível carregar a Switch com um transforma­dor de telemóvel normal, não é possível jogar e carregar ao mesmo tempo se o carregador não tiver, pelo menos, 3,5 A.

NEM TUDO SÃO ROSAS

Não há consolas perfeitas e a Switch confirma isso. Por exemplo, não vem com auscultado­res e, mesmo que quisesse usar auscultado­res sem fios com tecnologia Bluetooth também não poderia, porque a Switch não é compatível com eles. Outra questão, um pouco mais “obscura”, é a incapacida­de, confirmada pela Nintendo, de passar os ficheiros de progressão (saves) para outra consola, no caso hipotético de uma falha técnica ou da perda da consola. Também há que ter cuidado com os movimentos de colocar e retirar a Switch da doca, porque há a real possibilid­ade de riscar o ecrã.

O PREÇO DA PORTABILID­ADE

A Nintendo Switch é cara: custa 330 euros. Actualment­e, uma PS4 ou uma Xbox One ficam-se pelos 299 e a consola da Microsoft até oferece um jogo; é verdade que, tanto a PS4, como a Xbox One, estão amarradas aos cabos, mas também oferecem uma potência de processame­nto muito superior. Os acessórios também não são muito acessíveis: um Joy-Con apenas custa 54,99 euros ee o par chega aos 85,99 euros. O suporte para os Joy-Con e a fonte de alimentaçã­o custam 29,99 euros. Se quiser o comando Pro, vai ter de gastar 75 euros. Até as pulseiras para segurar os comandos são caras: 5,99 euros.

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