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Massa cinzenta, onde estás?

- PEDRO ANICETO aniceto@mac.com

Perdoem-me se fujo momentanea­mente e ao tema a que esta coluna se sujeita desde a sua fundação, ação, mas a realidade que todos vivemos este longo o Verão a isso me impele e obriga. Mas há coisas que não entendo d na realidade lid d tecnológic­a portuguesa e chegou o momento de deixar de falar sozinho para colocar questões muito claramente. Vivemos, não tenham dúvidas, um verdadeiro estado de guerra nas nossas florestas. E ano após ano aceitamos as baixas no nosso exército, sem que ninguém que se revolte ou oponha. O nosso arsenal tecnológic­o é consideráv­el, mas bem maior parece ser o nosso capital humano na área técnica e científica. Não falta hardware no mercado, de cada vez com menor custo. Sensores, caixas, mini-boards, redes de comunicaçã­o, tudo isso existe. Programado­res, makers, desenvolve­dores, peritos no terreno, é público que não nos faltam. O que nos falta é uma voz que diga de uma vez que não queremos que ninguém morra por um fogo súbito, um pré-alerta que com precisão nos informe de uma temperatur­a anormal num sector da floresta. Caramba! Temos um Sol que alimentari­a sensores de um sistema destes durante décadas. Temos universida­des (que por vezes não sei onde estão e para quem trabalham…). Ao longo das nossas vidas todos já lemos na imprensa múltiplos projectos que parecem ser boas ideias e que muito raramente vêm a luz do dia. E parece tão simples desenvolve­r um sistema de monitoriza­ção de florestas com alertas rápidos a vigilantes florestais. Eu mesmo já vi protótipos de ideias que devidament­e acarinhada­s podiam muito bem já ter poupado vidas. Nós temos mil vezes essa tecnologia nos nossos bolsos, nas nossas casas, porque não encontramo­s uma solução que não passe por uma lógica empresaria­l em que alguém tem de ficar de bolsos cheios? Querem convencer-me de que não é possível criar, em termos portuguese­s, um concurso de ideias que retire dos nossos criadores e programado­res o melhor de conceitos deste género? Que uma (uma só) universida­de não criava isto por uma fracção do preço de cem horas de voo de um deli-bombardeir­o? E se quisermos enveredar por uma lógica capitalist­a, quanto não se pouparia do orçamento actual em retorno do investimen­to num projecto de código aberto que poderia envolver a participaç­ão de TODAS as estruturas de educação deste País na criação (e notem que não uso a palavra invenção) de uma bolacha ridícula, alimentada por um sensor solar, estanque e inviolável, que pudesse permanecer ao serviço anos e anos pendurada numa árvore e cuja missão fosse a de disparar um sinal que ativasse uma unidade rápida de intervençã­o (que até já temos)? Um produto que hoje temos em qualquer brinquedo produzido em massa em fábricas chinesas.

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