Massa cinzenta, onde estás?
Perdoem-me se fujo momentaneamente e ao tema a que esta coluna se sujeita desde a sua fundação, ação, mas a realidade que todos vivemos este longo o Verão a isso me impele e obriga. Mas há coisas que não entendo d na realidade lid d tecnológica portuguesa e chegou o momento de deixar de falar sozinho para colocar questões muito claramente. Vivemos, não tenham dúvidas, um verdadeiro estado de guerra nas nossas florestas. E ano após ano aceitamos as baixas no nosso exército, sem que ninguém que se revolte ou oponha. O nosso arsenal tecnológico é considerável, mas bem maior parece ser o nosso capital humano na área técnica e científica. Não falta hardware no mercado, de cada vez com menor custo. Sensores, caixas, mini-boards, redes de comunicação, tudo isso existe. Programadores, makers, desenvolvedores, peritos no terreno, é público que não nos faltam. O que nos falta é uma voz que diga de uma vez que não queremos que ninguém morra por um fogo súbito, um pré-alerta que com precisão nos informe de uma temperatura anormal num sector da floresta. Caramba! Temos um Sol que alimentaria sensores de um sistema destes durante décadas. Temos universidades (que por vezes não sei onde estão e para quem trabalham…). Ao longo das nossas vidas todos já lemos na imprensa múltiplos projectos que parecem ser boas ideias e que muito raramente vêm a luz do dia. E parece tão simples desenvolver um sistema de monitorização de florestas com alertas rápidos a vigilantes florestais. Eu mesmo já vi protótipos de ideias que devidamente acarinhadas podiam muito bem já ter poupado vidas. Nós temos mil vezes essa tecnologia nos nossos bolsos, nas nossas casas, porque não encontramos uma solução que não passe por uma lógica empresarial em que alguém tem de ficar de bolsos cheios? Querem convencer-me de que não é possível criar, em termos portugueses, um concurso de ideias que retire dos nossos criadores e programadores o melhor de conceitos deste género? Que uma (uma só) universidade não criava isto por uma fracção do preço de cem horas de voo de um deli-bombardeiro? E se quisermos enveredar por uma lógica capitalista, quanto não se pouparia do orçamento actual em retorno do investimento num projecto de código aberto que poderia envolver a participação de TODAS as estruturas de educação deste País na criação (e notem que não uso a palavra invenção) de uma bolacha ridícula, alimentada por um sensor solar, estanque e inviolável, que pudesse permanecer ao serviço anos e anos pendurada numa árvore e cuja missão fosse a de disparar um sinal que ativasse uma unidade rápida de intervenção (que até já temos)? Um produto que hoje temos em qualquer brinquedo produzido em massa em fábricas chinesas.