PULSO FORTE E FÉ NOS JOVENS
cargo de treinador-adjunto. Foram duas épocas de êxitos internos, bem patentes na conquista de dois campeonatos italianos, mas que conheceriam o seu desenlace com a chegada de José Mourinho aos nerazzurri. Foi aí que decidiu soltar as amarras daquele que viria a assumir, um ano depois, o comando técnico do Manchester City, para iniciar uma carreira a solo na Serie A. Incapaz de dar a volta a uma situação negra no Bolonha, clube ao qual chegou em novembro de 2008, acabando por ser dispensado em abril do ano seguinte, rumaria, em dezembro de 2009, ao Catania com o fito de impedir a despromoção dos etnei. Deu-se bem, e os triunfos históricos ante Juventus (2-1, fora) e Inter (3-1, casa) tornaram-no apetecível para clubes de maior dimensão. Sem surpresa, rumou à Fiorentina, onde o objetivo era colocar o emblema viola nas competições europeias. Foi aí que pela primeira vez teve a oportunidade de começar um exercício como treinador principal, apostando na aquisição de jogadores experientes como Boruc e D’Agostino, mas também mostrou a sua tendência para procurar relançar a carreira de talentos inconsistentes, como foi o caso de Cerci, que chegaria a internacional italiano. Durante pouco menos de ano e meio, os resultados foram muito irregulares e o despedimento, em novembro de 2011, tornou-se inevitável. Seguiu-se o regresso à Sérvia, com um contrato de quatro anos, que visava a qualificação para o Mundial’2014 e para o Euro’2016. Só que a trajetória titubeante no apuramento para a competição que foi disputada no Brasil, concluído atrás da Bélgica – a 12 pontos – e da Croácia – a 2 pontos – redundou em mais um fracasso. Algo que não obstou a que a Sampdoria avançasse, em novembro de 2013, para a sua aquisição. Após uma primeira época sem brilho, protagonizou um início de segundo exercício notável, colocando os blucerchiati em zona Champions. Mihajlovic voltava a tornar-se protagonista, e o seu nome circulava como hipótese para os grandes do calcio. E nem mesmo o estouro final da equipa (apenas um triunfo nos últimos 10 jogos), que tombou até ao 7º lugar, impediu o AC Milan de consumar a sua contratação.
O colosso rossonero queria renascer após uma época desastrosa, concluída num pavoroso 10º lugar, e o ataque ao mercado foi exuberante – 90 milhões de euros in-
É UM TREINADOR HABITUADO A ASSUMIR DESAFIOS HERCÚLEOS, SENDO CONHECIDO PELO SEU TEMPERAMENTO IRASCÍVEL
vestidos –, com as aquisições dos avançados Carlos Bacca e Luiz Adriano, do médio Bertolacci e do jovem central Romagnoli, em quem apostara fortemente na Samp. Só que o desempenho irregular no campeonato fez com que fosse despedido em abril de 2016, após uma série de quatro jogos sem vencer (três derrotas e um empate), mesmo tendo garantido a qualificação para a final da Taça de Itália, após eliminar o modesto Alessandria nas meias-finais. Seguiu-se, por fim, uma aventura no Torino, onde lhe competia assumir a dificílima sucessão de Gian Piero Ventura. Com um ideário de jogo bastante ofensivo, a formação granata terminou a temporada 2016/17 no 9º lugar, contrastando o sexto melhor ataque com a quarta defesa mais batida da Serie A. Na segunda temporada, o elevado número de empates, além da eliminação precoce da Taça, frente à arquirrival Juventus, conduziu ao seu despedimento em janeiro último.
Sargentão
Sinisa Mihajlovic não tem sucessos como treinador. Os seus maiores feitos foram alcançados no Catania, onde afiançou uma miraculosa recuperação na tabela classificativa até à manutenção, e na Sampdoria, almejando o estatuto de revelação da fase inicial do exercício e o apuramento – mesmo com uma impressionante quebra final – para a Liga Europa de 2015/16 através de um 7º lugar. Contudo, é um treinador habituado a assumir desafios hercúleos, sendo conhecido pelo seu temperamento irascível (para lá das inúmeras polémicas em que se envolveu, não permite qualquer tipo de interferências nas suas escolhas e nas suas decisões), pelo pulso forte com os jogadores – a quem exige sempre o máximo, não exibindo qualquer prurido em criticá-los em privado ou em público –, por nunca fugir das suas responsabilidades – dando a cara nos momen-