O REGRESSO DO HEROI
EDER VOLTA A MARCAR APÓS A FINAL DO EURO’2016 ”Espero continuar a ser chamado”
Fernando Santos avisara que, mesmo tratando-se de um embate particular, o mais importante era derrotar a Escócia. A (boa) qualidade exibicional era, no entender do selecionador, uma questão secundária. Tinha (e tem) razão o Engenheiro. No desporto de alta competição – e independentemente do cariz dos duelos – o que conta é vencer. Até porque não se ganha motivação e confiança para os jogos ‘a doer’ com derrotas ou empates face a equipas sofríveis como aquela que a Seleção defrontou em Glasgow. Portugal fez o que lhe apeteceu perante um adversário sem classe, rigor ou organização, uma sombra daquilo que a Escócia já foi. E fê-lo apesar de ter efetuado 10 altera- ções (só se manteve Rúben Dias) em relação ao conjunto que, dias antes, em partida referente à Liga das Nações, tinha vencido (3-2) com nota alta na Polónia. E, claro, também o fez sem a arte de Cristiano Ronaldo; a experiência de elementos outrora fulcrais (Fonte, Guerreiro, João Mário, Adrien, Moutinho, Nani ou Quaresma) ou a irreverência de jovens com futuro promissor (André Gomes, Nélson Semedo, Ricardo Pereira, Guedes ou Gelson). Tudo gente que, por motivos variados ou por mera opção de Fernando Santos, não esteve nesta convocatória. A prestação da equipa, contudo, não foi parecida com o que se viu em Chorzów. E percebe-se as razões. Não só faltou talento, como as rotinas tinham necessariamente de ser afetadas. Ontem, alinharam de início vários jogadores que nunca tinham representado a Seleção no mesmo jogo. Hélder Costa, então, foi titular em dia de estreia... E até lhe coube a tarefa de inaugurar o marcador, já perto do intervalo, em lance construído por outros dois emigrantes (Bruma e Kévin Rodrigues).
Duo apático no meio
A vantagem nacional aquando do descanso aceitava-se, mas em abono da verdade convém dizer que os primeiros 45 minutos foram bons para quem sofre de insónias! A Escócia nada conseguia fazer – a única oportunidade nesta fase surgiu num cabeceamento de... Sérgio Oliveira, aos 14’, que Beto afastou por cima da trave – e Portugal pouco construiu de perigo efetivo (remate de Eder aos 41’ foi a exceção). De salientar a desinspiração generalizada de Sérgio Oliveira e Bruno Fernandes, elementos que podiam ter sido determinantes mas que, até serem rendidos, nunca se aproximaram do seu real valor. Com eles a render o normal, a partida teria sido
mais viva e, muito provavelmente, o jogo ficaria fechado logo após a etapa inicial.
Substituições ajudaram
A Escócia, por McKenna, aos 53’, assustou de cabeça, na sequência de um canto em que a defesa lusa facilitou. Fernando Santos pressentiu o perigo – apesar de ser óbvio que os locais dificilmente seriam capazes de acertar no alvo – e três minutos volvidos lançava Renato Sanches. Pouco depois seria a vez de Gedson avançar. E foram estes dois jovens a ‘fabricar’ os golos de Eder (cabeceamento após livre) e Bruma (bela execução , naquele que foi o seu primeiro remate vitorioso na Seleção).
Sem precisar de toda a armada ou de jogar próximo do que consegue produzir nesta fase, Portugal chegou facilmente aos três golos de vantagem. Até final, saliência apenas para o feliz golo escocês, pequena (e insignificante) mancha na estreia de Cláudio Ramos. Em suma, mesmo com a utilização intensiva de elementos pouco ‘rodados’ – incluindo três ‘rookies’ –, Portugal voltou a ganhar. E fê-lo sem margem para discussão. E ainda houve o prémio adicional de ver Eder regressar aos golos depois do ‘tal’ à França, em 2016... O rapaz merecia! *