QUANDO NÃO É PEIXE NEM É CARNE...
É ovos mexidos! Ou seja, uma coisa para “safar” a noite sem ter muito trabalho. Dá asneira normalmente e não mantém ninguém saudável. Pois é o que está a acontecer a Biggest Deal, os ovos mexidos da TVI, um programa que podia estar a passar em horário infantil e com crianças a brincar “às casinhas”: tu lavas o carro, eu sou cabeleireira, tu tens tachinhos para tratar do almoço. Era mais do que óbvio que o programa não ia resultar porque lhe falta o fundamental: sal e pimenta – ou picante, se quisermos manter a linguagem culinária. Eu, particularmente, não tenho nada contra reality shows. Pelo contrário, acho do mais divertido que há, desde que sejam feitos de forma competente. Super Shore, da MTV, o programa com mais engates, beijos (para todos os gostos e sexos) e gritaria que há memória na televisão, tem um casting de luxo – isto é, bem feito para o objectivo. Ou seja, é um programa competente: é para o que é e não anda com rodeios. Casa dos Segredos tinha regras de base e funcionava na sua “loucura”. Biggest Deal quer ser certinho e amoroso e, como tal, dá asneira. Das responsabilidades sobre a opção pelo formato já muito se falou, sobre o “lavar de mãos” de Teresa Guilherme sobre o mesmo também – bem sei, ela nunca escolheria fazer isto. O que me continua a espantar é como se recorre ao plano B – novelas e, agora, Apanha Se Puderes – sempre que algo corre mal... e era previsível que corresse. Com esta pobreza, as noites de domingo tornaram-se um martírio: Vale Tudo na SIC, também cheio de rostos da casa, a fazer resultados miseráveis, e o The Voice na RTP1 com um modelo que não inova – porque, além das vozes espectaculares de alguns concorrentes, os jurados limitam-se a recorrrer a fórmulas repetidas. Que fazer então? Procurar um filme ou uma série. Senão o que sobra são debates sobre futebol... todos iguais! E é por estas e por outras que a TV na net continua a crescer. Porque já não há pachorra para tanta indefinição e copianço.