De acusada a ofendida
Um ex-braço direito do marido da fadista em Angola acusou-o de ser o mandante de uma tareia que apanhou à luz do dia numa avenida de Lisboa. O homem apontou o dedo a António Ferreira, mas o Ministério Público arquivou tudo por falta de provas. O casal sen
No dia 20 de Agosto de 2011, quando saía do seu escritório, na Av. Duque de Loulé, no centro de Lisboa, Henrique Rogério Doroteia foi abordado por três homens que o agrediram, com murros e pontapés, até que um motorista da Carris viu a cena de violência e parou o autocarro. Os capangas fugiram. O advogado ficou estendido no chão, a sangrar.
Três dias depois, a história da agressão a Henrique Doroteia apareceria destacada na capa do diário Correio da Manhã com acusações sérias e graves que envolveriam um empresário casado com uma figura pública do meio artístistico nacional.
Doroteia, que em Angola foi braço-direito de António Ferreira para a área jurídica na empresa Plurijogos, SARL, acusou o marido da fadista Mariza de ter sido o mandante da tareia, identificando ainda um dos executantes como sendo Eduardo Alcouce, um africano que Ferreira tratava por “primo”.
À época, e a quente, o agredido apostou todas as fichas num culpado, o marido da fadista luso-moçambicana, prometendo vingança: “A Justiça já sabe quem são as pessoas que me agrediram. Em breve serão acusados.” Mas não foram.
Alguns meses depois, o Ministério Público considerou não haver provas suficientes para incriminar António Ferreira. Para a Justiça não foi ele o mandante das ofensas à integridade física de Henrique Doroteia e encerrou o caso.
Livre de acusações, o empresário português nascido pobre na Gafanha da Nazaré, distrito de Aveiro, onde foi barbeiro antes de fa- zer fortuna em Angola com venda de uísque, bingos e máquinas de jogo, virou-se contra o seu acusador.
ODRAMADAFADISTA
Apesar de estar há vários meses separada do empresário António Ferreira, de 50 anos, Mariza, 43 anos, irá sentar-se no tribunal para explicar como todo este escândalo público mudou a vida e destruiu a autoestima do pai de Martim.
O julgamento arranca na terça-feira, dia 21, pelas 14:00, e quem conduzirá as audiências será Joana Ferrer Antunes, a famosa magistrada que se tornou célebre desde o julgamento do processo de violência doméstica e difamação interposto por Bárbara Guimarães contra o ex-marido, Manuel Maria Carrilho, tendo-se tornado ainda mais famosa depois de a apresentadora da SIC a ter tentado, sem sucesso, afastar da titularidade do caso. Mariza vai alegar que o marido, de quem está separada, “passou a viver em estado de ansiedade, angustiado e profundamente preocupado com o modo como as pessoas do seu conhecimento e círculos de interesses passariam a olhar para a sua pessoa.”
DEZENAS DE MILHÕES DE DÓLARES
Doroteia, que sofreu várias escoriações naquela tarde de 20 de Agosto de 2011, foi acusado publicamente de traição por António Ferreira, por ter conseguido afastar - junto com Agostinho Rocha, outro braço-direito de António Ferreira em Angola - o marido de Mariza da liderança da empresa Plurijogos SARL e do Grupo Invista, criando uma “teia de intrigas” junto do sócio angolano, ogeneralKundi Paihama, que, alegadamente, teria sido “roubado” em dezenas de milhões de dólares, por António Ferreira.