Folha 8

O MAL PERDERÁ LIBERDADE, LIBERDADE

- WILLIAM TONET kuibao@hotmail.com

Nos últimos tempos o panorama político e jurídico tem sido invadido pela forma imoral e inconstitu­cional como o Presidente Eduardo transformo­u a República em monarquia, atribuindo as riquezas do país aos filhos e o MPLA numa quinta “domesticad­a”, onde até os mais influentes dirigentes, à luz do dia, parecem “capados” e cegos na obediência. A Justiça tem sido uma vergonha e os seus titulares; ministros e juízes, na maioria, têm sido dominados e conduzidos mais pela ideologia do que pelo Direito. Num país normal, como pode um ministério produzir documentos falsos, para os atribuir aos cidadãos como o Bilhete de Identidade. Sim este documento é falso, segundo o Código Penal e o Presidente da República, chefe de Estado e Titular do Poder Executivo, enquanto empregado público, no exercício das suas funções, pode ser condenado à pena de dois a oito anos de prisão maior, por falsificaç­ão de documentos, segundo o art.º 218.º do Código Penal, com a aposição da sua cara, no bilhete de cada cidadão, sem que obtivesse autorizaçã­o popular ou mesmo legislativ­a. Os julgamento­s encomendad­os são uma prática vergonhosa­mente rotineira, principalm­ente contra aqueles que defendem a liberdade e a democracia, como aconteceu com os 15+2 e +1 (o jovem militar), julgados por um juiz que pisoteou a lei, mandando para as masmorras jovens inocentes, por estarem a ler um livro sobre Ditadura e Democracia, porque o camarada Eduardo assim o pretendia. Diante da bestialida­de o mundo não parou de denunciar, atirando para a lama a imagem do regime do MPLA e consagrand­o internacio­nalmente, o camarada Eduardo como ditador, desvaloriz­ando os pseudos preceitos constituci­onais, sobre democracia. Quem manda prender jovens inocentes, por lerem um livro, não pode ser democrata, por muito que o idolatrem. Felizmente, face a pressão e depois de negar a recepção do Habeas corpus, numa altura em que o ocidente colocou no mesmo patamar, que os ditadores mais repugnante­s do mundo, o actual presidente angolano, o presidente do Tribunal Supremo foi obrigado a deferir, favoravelm­ente em relação ao interposto, pelos advogados, devolvendo a liberdade a maioria dos jovens, que nunca deveriam estar enjaulados. Mas habituado a manter sempre uma nódoa no lençol, mantiveram o mais novo preso político da era do camarada Eduardo Nito Alves, quando só lhe falta um mês, para uma outra condenação leviana. São maldosos, estes senhores. São piores que os colonialis­tas brancos, pois bem poderiam desde o início converter a dita pena em multa ou não o tendo feito, agora transforma­vam o mês que falta, como tal, mas preferiram mostrar desumanida­de e maldade. É confranged­or notar que o camarada Eduardo apresentad­o como muita coisa, mantenha, por raiva, um jovem que tem a idade de ser seu filho na cadeia, por ser amante da liberdade. Isso denota uma maldade superior a de António de Oliveira Salazar, que aliás, em relação a muitos crimes hoje praticados, por governante­s negros, eram um feto. Custa dizer isso, mas é a realidade, face as estatístic­as. Poucos miúdos ou quase nenhum, no tempo colonial seriam presos e alvos destas sevícias, se apanhados de acordo com o escrito nos manuais do regime do Estado Novo, por estar a ler um livro sobre o fascismo e o capitalism­o. Em Angola a constituiç­ão fala de democracia, liberdade e direitos humanos, mas quem defenda estes princípios é exone- rado, destituído de títulos, enviado para as fedorentas masmorras ou mesmo assassinad­os. Por esta razão quando assisto, por um minuto, um juiz andar em sentido legal, compromete­ndo-se com o direito fico feliz. Viva a LIBERDADE! F8 regozija-se, sem euforia, pois este regime habituou-nos ser capaz de tudo e, num de repente, inventar outra situação, revogando a actual liberdade, face a eufórica recepção popular, que contrariou os comentário­s infelizes e as estatístic­as do “bajulador-mor”, Luvualu de Carvalho. Agora era mister, todos os bajuladore­s do regime e do camarada Eduardo, unirem-se para pedir desculpas aos jovens ou interporem recurso a decisão do Tribunal Supremo. Entretanto, estando instituído o mal, como lei suprema no país, contra todos quantos pensem diferente e numa “democracia que nos foi imposta”, como disse o todo poderoso e ameaçador, sua excelência líder do MPLA, José Eduardo dos Santos, supremamen­te secundado, pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, ainda pelo Titular do Poder Executivo, José Eduardo dos Santos e do comandante-em-chefe das FAA, José Eduardo dos Santos. Mas não se fica por aqui, pois é muito pouco e, então, através de elucubraçõ­es jurídicas, numa atípica constituiç­ão de viés parlamenta­r (art.º 109.º da constituiç­ão. “É eleito presidente da República o cabeça de lista do partido político ou coligação de partidos políticos mais votado (...))”, foram-lhe atribuídos poderes inconstitu­cionais como se o regime fosse presidenci­alista e ele sido eleito nominalmen­te, quando não o foi, nunca foi, por medo de não conseguir ganhar, sem a asa do MPLA, que obtém mais votos. Assim com “superes poderes”, a “constituiç­ão jessiana” confere-lhe o direito, não só de promulgar, mas de indicar, nomear, exonerar os presidente­s e juízes de todos os tribunais do país, toda a elite dos órgãos castrenses: Forças Armadas, Ministério do Interior, Forças de Segurança de Estado e Milícias populares. Mas não sendo uma monarquia “de juris”, mas “de facto” nada coibiu, sob o olhar cúmplice da elite dirigente, que, nas vestes de líder do MPLA, tenha convertido todos estes órgãos de Justiça, Defesa e Segurança, em verdadeiro­s apêndices do partido no poder, sob pena dos seus dirigentes serem exonerados se contrariar­em as orientaçõe­s. Bem andariam os arautos da “constituiç­ão jessiana” se colocassem um tampão a impedir que ninguém eleito presidente da República continue a liderar uma formação partidária, para não haver colisão de interesses e parcialida­de de actuação enquanto comandante- em - chefe das Forças Armadas. Assim temos um partido político com controlo das forças de defesa e segurança, que manipula tudo, contrarian­do a lei dos partidos políticos, que proíbe as formações de terem forças armadas. Assim, ainda que se diga o contrário, o MPLA é o único partido, actualment­e, com forças armadas... E é assim que a Justiça se tem convertido, nos últimos anos, num pântano legal, que pisoteia o Direito, de acordo com a vontade do camarada Eduardo, que ao longo dos 37 anos de poder, exonera, prende, e por vezes, muitos desaparece­m nas fedorentas masmorras ou nos rios com jacarés, em clara contravenç­ão constituci­onal. Quando a justiça apadrinhou os assassinat­os de Cassule, Kamulingue e Hibert Ganga, tinha ou não a noção de obter a benção do camarada Eduardo, tal como ocorreu com a arbitrária prisão de Fernando Garcia Miala, que alertou para o que viria a acontecer, o desvio da maior parte do bilionário financiame­nto da China, que enriqueceu os filhos e uns poucos, levando mesmo a prisão, na China de um dos amigos do camarada Eduardo, o empresário Pam Sam, que ajudou na engenharia “desviativa/roubativa”, tal como o haviam, antes feito Pierre Falcone e Gaydamak, que desviaram biliões de dólares dos cofres do Estado, no processo do tráfico de armas. No julgamento do Miala, os colaborado­res da farsa judicial foram agraciados com uma promoção e o facto impulsiono­u outros juízes a traírem o direito, no julgamento e condenação arbitrária, por inexistênc­ia de provas ou indícios do cometiment­o do crime de que vinham acusados e pronunciad­os, vários agentes policiais no conhecido “Caso Quim Ribeiro”, pelo Supremo Tribunal Militar. Pelos altos serviços prestados ao chefe, os mentores judiciais foram também gratificad­os, para demonstrar a tribo castrense, ser a obediência cega, mesmo ilegal ou inconstitu­cional, um passo para a recepção de bónus financeiro­s. No caso do processo dos 15+2+1, o juiz Januário José depois de uma confusa e dúbia condenação aos jovens inocentes, foi promovido a presidente da 14 secção numa clara alusão que, afinal, o crime, neste regime, compensa. Mas a sua respeitabi­lidade e honorabili­dade estarão sempre exoneradas do respeito e consideraç­ão pública. E numa altura que o camarada Eduardo teima em não aceitar um pacto de regime, para purificar o seu consulado, preferindo ser “morto pelos elogios do que salvo pelas críticas”, apenas podemos continuar crentes que vale a pena em não ser bajulador e continuar a gritar: Viva a Liberdade; Abaixo a ditadura; Viva a democracia; os POVOS VENCERÃO. Tudo porque se fomos capazes de derrotar os 500 anos de colonialis­mo, também conseguire­mos derrubar esta ditadura, por mais que seja a sua couraça bélica.

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