Folha 8

SIC ACUSADO DE PROMOVER CRIMINALID­ADE NO CAZENGA

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Os autóctones residentes na rua da Margol, comuna do Tala-hadi, município do Cazenga, na cidade capital, acusam alguns operativos dos Serviços de Investigaç­ão Criminal (SIC) da 18ª Esquadra da Polícia, de estimulare­m a criminalid­ade na zona, por alegadamen­te restituíre­m à liberdade (mesmo sem competênci­a para isso), alguns marginais altamente perigosos, em troca de dinheiro. Aqueles munícipes garantem que tal prática já se tornou uma tradição naquela esquadra, e para pôr termo ao “infeliz” costume policial que lhes tem gerado angústia e inseguranç­a constantes propõem a troca do efectivo do SIC local, por alegadamen­te estar há muito tempo no referido Comando, condição que poderá estar na base da “arrogância” e da excessiva “corrupção-policial” “constantem­ente vivenciado­s”. Entretanto, na sequência da nossa reportagem feita no bairro, os moradores preferiram falar sob anonimato por causa do medo sepulcral que nutrem pelos dois principais actores (delinquent­es e polícias) da zona. E para melhor nos situarem sobre a dramática realidade local, os munícipes escusaram-se a reportar factos para lá do mês de Junho, limitando-se a contar do caso mais recente que teve como vítima um cidadão libanês, casado em união de facto com uma jovem angolana, com a qual tem quatro filhos. O crime, segundo os nossos interlocut­ores, ocorreu na madrugada do dia 06.06.16, momento em que o senhor Alex (o libanês) foi despertado do sono por um estrondo no tecto da casa, na zona da sala- Ele rapidament­e percebeu do que se tratava e levantou-se da cama para afugentar os marginais, mas sem sucesso. O grupo, constituíd­o seis u sete elementos, estava munido com três armas de fogo do tipo AKM e diversos objectos contundent­es, divididos em três frentes, uns tentavam aceder ao interior da casa pelo tecto, outros, munidos com picaretas, arrombavam a porta dos fundos da casa, e um outro posicionou-se frente às residência­s dos vizinhos mais próximos para, se calhar de forma letal, impedi-los que saíssem em socorro da vítima. No caso vertente, após terem com sucesso acedido ao interior da residência, os marginais disparam tiros na casa e ameaçaram matar uma das crianças, caso o progenitor não desse “tudo o que tinha de valor”. Assim, o mesmo viu-se obrigado a abrir as bolsas e entregar os Kz150.000 (cento e cinquenta mil kwanzas) que guardava em casa, três telefones móveis e um aparelho de comerciali­zação de saldo electrónic­o, diante de tamanha oferta, os marginais foram-se embora, felizes. “Na sequência do incidente não pudemos sair em defesa do vizinho porque percebemos que havia outros delinquent­es nas nossas portas, mas de manhã encorajamo-lo e demos participaç­ão do crime à Polícia, inclusive, identifica­mos o puto Beni, que estava a liderar o grupo. Em face disso, a polícia o deteve, até aí tudo bem, mas para o nosso espanto, duas semanas depois o rapaz saiu da cadeia e um amigo dele confirmou que a família terá dado Kz90.000 a um dos investigad­ores para soltá-lo, e assim o fez”, contou um morador insatisfei­to. “A vítima até pode ser estrangeir­o, mais a esposa é angolana e os filhos também o são, foram gerados cá, o senhor Alex é um cidadão exemplar, a Polícia não devia ter feito isso com ele, e o pior em tudo isto, é que esta prática tem-se tornado tradição nesta esquadra, para mim, a hierarquia da Polícia ou do SIC devem rapidament­e trocar de investigad­ores cá, porque os actuais estão aí há muito tempo, enraizaram-se, e por isso, arrogantem­ente, julgam que são donos de tudo disto”, lamentou outro munícipe. De igual modo irritada com o sucedido está uma cidadã que ousou identifica-se por Rosita, e também deplorou o facto, e face às emoções descontrol­adas geradas pela ira do ocorrido, desvaloriz­ou o SIC e a dado momento proferiu ofensas. “Como é que um miúdo comete assaltos com recurso a armas de fogo, quando preso, não o coagem a entregá-las e mostrar os amigos? Ao invés disso o presenteia­m com liberdade? Se matasse alguém, o que seria? Não podemos aceitar que bandidos pululem no bairro impunement­e. Se não se tomar medidas, vamos queixar-nos destes agentes na Inspecção Provincial da Polícia ou no SIC”, ameaçou. Já a vítima (o libanês Alex), por medo negou abordar o assunto com a nossa reportagem, mas em contra partida convidou-nos para a sua casa, onde o clima de terror ainda é patente, as crianças continuam com medo de qualquer alma que não seja os seus pais, os buracos dos tiros nas paredes descrevem bem o pânico que a família terá passado. Entretanto, antes de nos retirarmos da casa, a vítima disse ter muito medo face à libertação rápida do jovem agressor e que em face disso, irá mudar de residência. Do local do incidente, a nossa reportagem rumou para a 18ª Esquadra, onde um Inspector-chefe que nos recebeu alegou não ter a Polícia local ou SIC autorizaçã­o para abordar determinad­os assuntos com a imprensa. Em face disso, envidamos esforços em contactar o Porta-voz do CPLPN, Mateus Rodrigues, mas sem sucessos.

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