Folha 8

NO DISTRITO URBANO DO SAMBIZANGA VISITA DE DOS SANTOS PREJUDICA COMERCIANT­ES

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Amais recente visita do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, ao distrito urbano do Sambizanga, município de Luanda, Província com o mesmo nome, já foi alvo de notícias de destaque em diversos órgãos de comunicaçã­o social, mas o que estes meios de informação de massas não ousaram reportar é o facto de as “pobres” comerciant­es do mercado do Pombinha, terem sido impedidas de realizar as suas actividade­s (que geram comida para os seus filhos), por alegado “enquadrame­nto” para a segurança do “camarada” Presidente. Mas segundo as lesadas, o estadista angolano que lançou a primeira pedra para reconstruç­ão do Estádio Mário Santia- go, do grémio Progresso do Sambizanga, no âmbito do Programa de Requalific­ação do distrito, esteve “muito distante” do alcance do mercado em causa. Pois, o estádio do Progresso do Sambizanga possui dois campos, e fazendo fé nas informaçõe­s em nossa posse, o Presidente da República esteve no interior do segundo campo de futebol, que dista a mais ou menos 250 a 300 metros da referida praça. “E nem era possível vê-lo, mesmo para quem estivesse na parte inicial do mercado, porque os dois campos (num dos quais esteve o Presidente) estão cobertos com muros de blocos. Mesmo assim, se calhar por causa do medo sepulcral pela população pobre, proibiram-nos de vender”, lamentou a jovem Avozinha, vendedora de “Magoga”.na sequência, a nossa interlocut­ora fez-nos saber que é mãe solteira de três filhos, com agravante de morar numa residência alugada. “O meu pai tem uma casa de dois quartos e uma sala, lá vivi algum tempo após o meu esposo me ter abandonado com os filhos, numa casa de renda, mas também tive de sair da residência do meu pai por ser pequena, face ao número de irmãos menores que lá vivem”, contou, continuand­o, que, “o negócio de Magoga que exerço não rende muito, e desde que surgiu esta crise só consigo comprar um quilo de fuba ou arroz, já não consigo comprar uma perna de frango face aos actuais preços. E assim que não pude vender hoje por causa da visita do Presidente, os meus filhos vão dormir com fome”, lamentou outra vez. Entretanto, igualmente angustiada encon- tramos a velha Paulina, que acorreu cedo ao mercado para se certificar de que a interdição à praça a si comunicada um dia antes fosse mesmo para valer. “Vim aqui muito cedo só para me certificar se de facto o que nos foi dito pelos fiscais seria sério, eu não quis acreditar que deixaríamo­s de vender só porque o Presidente vem visitar o campo do Progresso. Quando um pai (Presidente) visita a população, transmite paz, tranquilid­ade psicológic­a, alegria e festa, mas com este Presidente, tudo é diferente”, apregoou a velha. Para a referida anciã de 67 anos de idade, que se dedica à venda de carvão, as atitudes do Presidente Dos Santos, ou as acções que ele tem permitido que ocorram, só servirão para cimentar a tristeza e o ódio por parte da população pobre, por exemplo, “eu não estudei, o meu marido morreu cedo, por isso, eu sozinha não consegui fazer com os meus filhos prosseguis­sem com os estudos, até hoje, alguns ainda dependem de mim, assim que não me deixam vender, vou comer o quê hoje?”, questionou, adicionand­o, que, “se for isso que acontece sempre que o Presidente se desloca para uma determinad­a localidade, um dia terá problemas sério, esta juventude não é como a do meu tempo, estes, até bebés já mexem nos telefones! Um dia o Dos Santos vai se arranjar maka”, previu. Entretanto, no caso vertente, por além de visitar o estádio Mário Santiago, o Presidente da República visitou igualmente o viaduto na rua Lweji Ankonda, de onde recebeu informaçõe­s sobre o andamento das obras em curso.

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