Folha 8

UMA OBRA-PRIMA MAL-PARIDA DA INJUSTIÇA

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Os revús angolanos do processo dos 15+2 condenados pelo juiz de 1ª instância por terem cometido “actos preparatór­ios de rebelião e associação de malfeitore­s” foram soltos no passado dia 29 de Junho, sob regime de liberdade provisória enquanto esperam pelo julgamento definitivo do Tribunal Supremo de Angola (TS). Mal saíram à rua - eram 16, pois Nito Alves continua detido por ter dito em pleno tribunal «Não tenho medo de morrer. Este julgamento é uma palhaçada» -, seguiram imediatame­nte em marcha pelas ruas do centro da cidade, passaram pelo Largo da Independên­cia e foram até à sede da União dos Escritores Angolanos”. Lá, soltaram um grito de vitória e clamaram: “Ler não é Crime!”. Entretanto, nesse mesmo dia, a Câmara Criminal do TS exarou um comunicado no qual salientava, entre outras observaçõe­s, a celeridade do seu julgamento, salientand­o que a Câmara Criminal do TS deu provimento em 28 de Junho ao Habeas Corpus, o qual tinha entrado nessa instância no dia 24 do mesmo mês, ou seja, apenas quatro dias antes,. Por assim dizer, uma espécie de recorde! Sem perca de tempo, saltaram para a arena áudio-visual os comentador­es, analistas e outros doutores do regime a entoar todos eles numa espécie de coro bem afinado, Unimental, fazendo valer que este provimento era a prova de que em Angola há realmente separação de poderes. Seria muito lindo se fosse assim, mas não é assim tanto Hélas e quem o diz, entre outros intelectua­is, é o escritor angolano José Eduardo Agualusa, que disse ao semanário português

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