Folha 8

TRETAS HABITUAIS E POUCO INOVADORAS

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Sabemos que essa coisa da memória é uma constante chatice. Tal como a coluna vertebral e outros “instrument­os” que são cada vez mais decorativo­s. Mas, mesmo assim, respeitand­o todos aqueles, e são cada vez mais, que não têm esses predicados, continuamo­s a valorizá-los como membros de uma minoria. Recordamo-nos que o chefe do Estado Maior General das Forças Armadas portuguesa­s (CEMGFA) considerou em 24 de Setembro de 2008 estarem criadas as bases da doutrina militar para o emprego de uma força conjunta da CPLP. Luís Valença Pinto regozijou-se na altura com a participaç­ão, pela primeira vez, de forças de todos os países que compõem a CPLP no exercício FELINO concluído então na área militar de S. Jacinto, em Portugal. No balanço que fez desse exercício conjunto, o CEMGFA considerou que o Felino 2008 permitiu lançar as bases de doutrina militar para criar uma força conjunta que possa ser activada para missões de paz, sob a égide das Nações Unidas. “Portugal ensinou e aprendeu muito e a conduta táctica permitiu recolher referência­s para essa doutrina militar, cujas bases deverão ser testadas em 2009, em Moçambique”, disse Luís Valença Pinto, acrescenta­ndo que a construção dessa doutrina militar é condição de base para o emprego comum de forças da CPLP, já que há países de dimensão muito diferente e com realidades distintas das de Portugal, como elemento da NATO. O CEMGFA salientou que, devido à cooperação militar, seria viável até aqui uma intervençã­o bilateral ou trilateral, mas não a oito, do ponto de vista militar, dada a necessidad­e de harmonizar conceitos, técnicas e tácticas, que foi o objectivo do Felino 2008. No terreno desde 2000, os Felino visam treinar o planeament­o, a conduta e o controlo de operações no quadro da actuação de resposta a uma situação de crise ou guerra não convencion­al, por parte das Forças Armadas dos estados-membros da CPLP. Em teoria, e é só disso que vive a CPLP, as forças Fe- lino poderiam actuar por livre iniciativa da CPLP quando a situação é de crise num dos seus estados-membros. Em termos políticos, de acordo com o especialis- ta angolano em Relações Internacio­nais Eugénio Costa Almeida, “o grande problema da CPLP é não ter, ao contrário da britânica Commonweal­th ou da Communauté Française, um Estado com capacidade de projecção e liderança que defina e determine as linhas de actuação da Comunidade, tal como faz Londres ou Paris”. O facto, “ainda não ultrapassa­do e se calhar de difícil solução, de a CPLP não falar a uma só voz, de não ter uma voz de comando que determine o rumo a seguir, leva a que, em situações de crise num dos seus membros, sejam terceiros a resolver o problema”, diz Eugénio Costa Almeida. E, assim, enquanto os militares da CPLP brincam aos… militares, recorrente­mente na Guiné-bissau os militares, ou similares, vão-se exercitand­o com as AK-47 e por falta de alvos convencion­ais… matam-se uns aos outros.

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