Folha 8

DELES FOI É E SERÁ O REINO

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Está tudo na santa paz do MPLA, com missa ministrada pelos “páracos” portuguese­s do PSD, CDS, PS e PCP. Não poderia ser melhor, concluem todos aqueles, de cá e de lá, que dizem não saber que Angola é um dos países mais corruptos do mundo, que é um dos países com piores práticas democrátic­as, que é um país com enormes assimetria­s sociais, que é o país com o maior índice de mortalidad­e infantil do mundo. Como diz a Lusa, correspond­endo aos altos interesses informativ­os de todos nós, o dirigente e membro do Comité Central do MPLA, Bento dos Santos Kangamba, diz que as relações entre Angola e Portugal “estão no bom caminho”, elogiando a participaç­ão dos maiores partidos portuguese­s no congresso daquela força política que, acrescenta­mos nós, está no poder desde 1975. Na primeira entrevista após o congresso ordinário do partido, realizado na segunda quinzena de Agosto, em Luanda, e que reconduziu José Eduardo dos Santos na liderança do MPLA – candidato úni- co eleito com 99,6% dos votos – o dirigente destacou os partidos políticos portuguese­s que “deram a sua a cara” ao participar no evento. “Mostraram-se contra aquilo que alguns políticos em Portugal e Angola falam, e afinal há um bom caminho a fazer, de defesa das relações e união entre os dois países”, afirmou Bento Kangamba, em declaraçõe­s à Lusa, em Luanda. Crítico do regime angolano, o Bloco de Esquerda não se fez representa­r neste congresso do MPLA, mas o também sobrinho de José Eduardo dos Santos até elogia o partido português. “Não tenho problema com esse partido, até gosto de ouvir falar a Mortágua, a Catarina Martins. Mas têm de falar bem, não chocar. Sobre isso até sou uma pessoa neutra, só digo que eles [Bloco de Esquerda] não podem ser muito agressivos com estas coisas”, disse o polémico general, desafiando mesmo aquelas dirigentes a visitar Angola. Outra prova do bom momento actual das relações entre os dois países, sublinhou Kangamba citado pela Lusa, foi a recepção, a 5 de Agosto, do presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, ao vice-presidente de Angola, Manuel Vicente, encontro que decorreu no Consulado português no Rio de Janeiro, aquando da abertura dos Jogos Olímpicos. Com a crise instalada em Portugal e Angola, o general, um dos poucos dirigentes do MPLA que habitualme­nte concedem entrevista­s, afirma que as relações entre os dois países “têm estado a melhorar”, depois das polémicas investigaç­ões da Justiça portuguesa a dirigentes angolanos. “Todos os angolanos gostam muito de Portugal, os nossos nomes vieram dos portuguese­s. É mau criar-se problemas nas relações entre os dois países. Mas a prova da actual união foi este congresso do MPLA”, enfatizou à Lusa, reconhecen­do que há hoje uma “postura mais correcta da parte dos portuguese­s e dos angolanos” na abordagem às relações bilaterais. “Nos debates sobre Angola na televisão portuguesa já não se convidam apenas os do costume, que nem conhecem o país porque só arranjam aqui confusão. As coisas têm estado a melhorar”, admitiu Kangamba que, recorde-se, poderia citar a pluralidad­e democrátic­a dos debates na TPA… Após o congresso, que levou à eleição, pelo Comité Central, do actual ministro da Defesa, João Lourenço, como vice-presidente do MPLA, e ainda na incerteza da transição do poder após a anunciada saída de José Eduardo dos Santos em 2018, o dirigente angolano só tem uma certeza: as eleições gerais de 2017 “vão ser muito duras e complicada­s” para o MPLA, o que justifica com a crise da cotação do petróleo. “Todos sabemos que vai ser uma eleição difícil para quem está a governar, mas que vai apresentar o que fez. Mas se calhar ainda mais difícil para a oposição, que vai ter de dizer o que quer fazer”, concluiu Kangamba na entrevista à Lusa.

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