ZUMA DEVERIA APRENDER COM DOS SANTOS
CORRUPÇÃO NA ÁFRICA DO SUL
AProvedoria da República da África do Sul publicou no dia 02.11, um relatório sobre acusações de corrupção formuladas contra o Presidente, Jacob Zuma, que apela para uma investigação a possíveis “crimes” de corrupção ao mais alto nível do Estado. Bem que Zuma poderia já ter aprendido alguma coisa com o seu homólogo angolano. O reino de sua majestade o rei de Angola, José Eduardo dos Santos, continua a ser um dos mais corruptos do mundo mas, com a maestria que se reconhece, não dá veleidades para que existam relatórios sobre o assunto. No documento de 355 páginas, intitulado “A Tomada de Controlo do Estado”, a Provedoria sul-africana “chama a atenção do Ministério Público” e da unidade de elite da polícia sul-africana para “problemas identificados neste relatório nos quais parece que foram cometidos crimes”. Jacob Zuma, cuja presidência tem sido marcada por numerosos escândalos, tentou impedir a divulgação deste relatório, mas os seus advogados anunciaram que desistiam do recurso interposto contra a publicação. O relatório investigou acusações de que Zuma permitiu a uma próspera família indiana de empresários, os Guptas, uma influência indevida sobre o Governo, incluindo a possibilidade de escolherem ministros. Entre as conclusões do relatório são citadas provas de que David van Rooyen visitou o bairro de Joanesburgo onde residem os Guptas um dia antes de ser nomeado ministro das Finanças. Van Rooyen, um próximo de Zuma praticamente desconhecido do público, foi afastado do cargo apenas quatro dias depois, por causa de uma desvalorização da moeda e uma queda dos mercados que desencadearam numerosas e fortes críticas políticas ao Presidente. Em Novembro de 2014 foi noticiado, nomeadamente pelo Folha 8, que a Polícia sul-africana estava a investigar o presidente Jacob Zuma por corrupção, depois dos partidos da oposição terem apresentado várias queixas contra o chefe de Estado. Segundo o então porta-voz da Polícia, Salomon Makgale, citado pela agência noticiosa sul-africana SAPA, as várias queixas por corrupção apresentadas pelos partidos da oposição foram centralizadas e estavam a ser investigadas de modo conjunto. Salomon Makgale esclareceu, no entanto, que não tinham sido, nessa altura, abertas acusações formais contra Zuma, que em 2007 enfrentou mais de 700 acusações de corrupção, lavagem de dinheiro, frau- de e crime organizado, todas retiradas em 2009. O ministro da Polícia sul-africano, Nathi Nhleko, também confirmou que “a investigação se iniciou”, sem dar mais pormenores. De acordo com os media locais, o maior partido da oposição, a Aliança Democrática, entregou à Procuradoria gravações que supostamente provam que o presidente utilizou mais de 15 milhões de euros de fundos públicos para obras numa sua residência. As gravações terão sido feitas pelos serviços secretos e conteriam conversas entre membros da Procuradoria supostamente leais a Thabo Mbeki, ex-presidente e adversário de Zuma. Em Março de 2014, a Defensora do Povo sul-africana, Thuli Madonsela, pediu ao presidente para devolver parte do dinheiro público utilizado na cara e controversa remodelação da sua residência privada.
Jacob Zuma, cuja presidência tem sido marcada por numerosos escândalos, tentou impedir a divulgação deste relatório