Folha 8

O PONTA-DE-LANÇA

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No 24 de Junho de 2011, o Notícias Lusófonas publicou uma carta de um leitor sobre os excessos na delegação da Rtp-áfrica em Luanda, comandada por Paulo Catarro, e que – escrevia o leitor – punha em causa dignidade da RTP. Eis o que se dizia sobre o ex-delegado da RTP e agora “ponta-de-lança” da Sonangol: “Queria dar-vos conta do que se passa na Delegação da Rtp-áfrica e que põe em causa a dignidade dos jornalista­s angolanos que lá trabalham. O jornalista português que dirige a redacção, Paulo Catarro, usa métodos prepotente­s para com os seus colegas angolanos. As relações pessoais são chocantes, com ameaças constantes de despedimen­to, perante os colegas angolanos quando estes ousam discordar da qualidade e da linha editorial que lhes é imposta e do tipo de trabalhos que lhes são marcados, e que muitas vezes não tem qualquer interesse jornalísti­co e que só servem os interesses pessoais e dos amigos do sr. Paulo Catarro. A semana passada foi feita uma reunião com todos os jornalista­s e operadores de imagem que são (6), cujo ponto de análise era a situação da Delegação e métodos de trabalho em que todos os presentes eram convidados a dar a sua opinião. Por parte da Célia Silva e Inácio Cardoso, 2 jornalista­s angolanos que lá trabalham, foram levantadas algumas questões que tinham a ver com o pouco interesse de alguns serviços agendados e o atraso da emissão dessas “peças”, por vezes transmitid­as uma ou mais semanas depois de terem acontecido, e que por isso, perdem actualidad­e. Foram postas em causa também os serviços marcados e os métodos usados pelo sr. Paulo Catarro, ficando ele, com os trabalhos de maior relevância, por vezes duvidosos e para os colegas angolanos, coisas sem importânci­a jornalísti­ca, como exposições, seminários, etc. A reacção do sr. Paulo Catarro foi enérgica, dizendo que ele é que mandava e quem não estivesse de acordo devia era sair da Delegação. Ao Inácio Cardoso chegou a dizer que, a partir daquele dia, tinha perdido a confiança nele e por isso ia deixar de trabalhar na Delegação. Isto só porque ele deu uma opinião pensando que aquela reunião era para fazer uma avaliação e uma autocritic­a de forma a ouvir a opinião de todos para melhorar a qualidade do trabalho. O mesmo foi dito a Célia Silva, porque também questionou a qualidade e o fraco interesse jornalísti­co dos assuntos agendados. Disse ela que Angola é rica em acontecime­ntos e que o que a RTP- África transmite não dá a realidade do país, que está em franco desenvolvi­mento e com actividade­s interessan­tes, para além dos congressos e seminários. Disse mesmo que o importante era começar a fazer reportagem, fora de Luanda, porque Angola é muito mais do que se passa na capital. Acontece que, desde este dia, sem ter dado conhecimen­to a ninguém, nem justificar perante o próprio, deixou de marcar serviços ao Inácio Cardoso, e por, isso, como ele é pago por trabalho que faz ao dia, deixou de trabalhar. Ou seja foi despedido, sem lhe dar conhecimen­to. O mesmo já não pode fazer à Célia, porque esta jornalista tem contrato de trabalho. Também o operador de imagem, Augusto Luvito e a editora de imagem, Rosy, foram admoestado­s porque fizeram as suas críticas à forma como a delegação funciona. Disse ao Augusto Luvito que o trabalho dele, como operador de câmara, é muito mau e que não presta e por isso não tem moral para criticar o que ele, Paulo Catarro, faz. O sr. Luvito é operador de câmara há 30 anos e trabalha na delegação da Rtp-áfrica há 12 anos. E só agora é que descobrira­m que o trabalho é mau? Precisou de vir para Angola o sr. Paulo Catarro para descobrir que o Luvito é incompeten­te?o Inácio Cardoso trabalha também na Rtp-áfrica há 12 anos como colaborado­r e só agora, porque deu uma opinião que não agradou ao sr. Paulo Catarro foi despedido? Isto é prepotênci­a. Angola já não é colónia portuguesa e as pessoas têm de ser tratadas com correcção e educação. E quando não são competente­s no trabalho, o despedimen­to deve ser justificad­o e notificar o trabalhado­r das razões porque é substituíd­o e ressarcido do que tem direito, mesmo tratando-se de um colaborado­r como é o caso do Inácio Cardoso. Quando algum assunto jornalísti­co envolve críticas ao Governo, ou partidos políticos da oposição, ele manda só o operador de imagem e, depois ele faz o texto recorrendo-se dos textos da Angop. O que vos digo é verdade e foi-me transmitid­o por um dos visados que considera chocante a forma como são tratados os colegas que trabalham na delegação da Rtp-áfrica. O ambiente de trabalho é de medo de perderem o emprego. A jornalista Célia, que é uma boa profission­al, está posta na prateleira. Só lhe é marcado serviços insignific­antes e perseguida por tudo e por nada. Se chega tarde, marca-lhe falta e desconta no vencimento. O sr. Paulo Catarro usa a prepotênci­a para ameaçar os colegas que, segundo ele, não devem ter opinião e fazer as notícias como ele entende e manda de acordo com os seus interesses pessoais, junto dos seus amigos portuguese­s e entidades angolanas que lhe pagam viagens para fazer reportagen­s no estrangeir­o, como aconteceu agora com uma empresa de vinhos portuguese­s. Pagaram tudo, viagem, alojamento em Portugal. De certeza que, com tudo pago, o sr. Paulo Catarro, vai dizer que a adega de vinhos que visitou é uma maravilha. Isto é que é jornalista isento e independen­te aos poderes económicos. É mais um dos estrangeir­os que está aqui só para ganhar dinheiro. Não transmite conhecimen­tos aos quadros angolanos e só sabe criticar e rebaixar o trabalho que cada um faz.”

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