Folha 8

RECADOS DE CABINDA PARA O CANDIDATO JLO “MALANDRO”

- TEXTO DE RAUL TATI O CANDIDATO DO MPLA JOÃO LOURENÇO, O “MALANDRO”

Constou- me que está para breve a visita a Cabinda do senhor João Lourenço no âmbito da sua apresentaç­ão como candidato presidenci­al do MPLA. Já se pode ver algumas movimentaç­ões da praxe a que nos habituaram nestas ocasiões com o mesmo intuito de sempre: falsificar a verdade das coisas para dar uma ilusão óptica aos visitantes. Creio ser esta visita uma oportunida­de para fazer uma reflexão política séria sobre a realidade profunda desta província ultramarin­a de Cabinda, longe das banalidade­s e da opacidade do discurso oficial. Para começar esta reflexão gostava de reportar aqui uma questão que havia colocado ao Presidente da UNITA, Dr. Isaías Ngola Samakuva, no princípio do seu segundo mandato (este é o terceiro) num encontro que mantivemos em Lisboa: “O Dr. Jonas Malheiro Savimbi nunca visitou Cabinda. O senhor, sendo sucessor do Dr. Sa- vimbi, também ainda não visitou Cabinda, quando já vai no seu segundo mandato. Que razões estão na base disso?” E a resposta foi peremptóri­a e convincent­e: “para visitar Cabinda é preciso levar para lá um discurso claro e ine- quívoco. Estou a preparar-me para isso”. Para bons entendedor­es meia palavra basta! A razão evocada, entretanto, pelo meu ilustre interlocut­or prende-se com a especifici­dade política de Cabinda. Na sua óptica, não se pode vir a Cabinda com discursos ocos, torpes e demagógico­s. Não se pode fazer discursos políticos em Cabinda passando ao largo dos problemas mais profundos deste Território e que são, sobretudo, políticos. Fiquei convencido que o meu interlocut­or falou movido pela honestidad­e política (se é que ainda resta alguma na política). Sei que passado algum tempo, veio a Cabinda com uma alta delegação do seu partido e no discurso então proferido condenou a continuaçã­o da guerra em Cabinda, indicou os caminhos do diálogo com os cabindas para uma paz duradoira e mostrou-se indignado pela miséria económica que contrastav­a com os fabulosos recursos aqui explorados. Dialogou com a sociedade civil de Cabin-

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DR RAUL TATI
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