Folha 8

MALANDROS (TAMBÉM) FALAM DE CORRUPÇÃO

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Francisco Manuel de Queiróz, ministro da Geologia e Minas, diz que o combate à corrupção será uma das preocupaçõ­es principais do próximo Presidente de Angola e lamenta que não se fale dos corruptore­s. Atestado de incapacida­de a José Eduardo dos Santos? Insinuação sobre as ligações do Presidente à corrupção? Branqueame­nto da imagem do Malandro (João Lourenço)? A corrupção em Angola é um “fenómeno complexo” que será uma prioridade do próximo Presidente, afirmou hoje, o ministro da Geologia e Minas, Francisco Manuel de Queiróz, em Londres. Que ele, como todos no Governo, sabe do que fala, isso sabe. Ou não estivesse o MPLA no poder há 41 anos. Consequênc­ias? Nenhumas. Mudam-se – eventualme­nte – as moscas, mas o essencial fia na mesma. “A corrupção é um fenómeno que tem alguma complexida­de. Por vezes aborda-se de forma limiar e superficia­l sem conhecer os contornos e a forma como se desenvolve”, disse, durante o Fórum de Comércio e Investimen­to Reino Unido-angola, que decorreu na capital britânica. O ministro lamentou, numa resposta ao ex-ministro britânico Peter Hain sobre a existência de corrupção em Angola, que os corruptore­s nem sejam referidos quando se fala do fenómeno e defendeu a necessidad­e do combate à corrupção. “É algo que faz parte das consciênci­as e tem de se combater como se combatem os comportame­ntos, mas demora tempo”, admitiu, mostrando-se confiante de que a pressão social e política no país vai

ajudar a que a corrupção desapareça ou diminua para níveis menores. Se durante 41 anos o Mpla/regime não teve tempo para debelar e epidemia, se calhar precisa de continuar no poder durante mais 59 anos. E, talvez, ao completar um século de governação voltemos a falar. É isso, não é? Francisco Manuel de Queiróz referiu que as eleições gerais de Agosto próximo, que colocarão um ponto final (melhor, ponto e vírgula) a 38 anos de José Eduardo dos Santos no cargo de chefe de Estado, serão uma oportunida­de para se avançar neste domínio. “Estamos num processo de mudança política. Essa é uma das preocupaçõ­es principais do próximo Presidente de Angola”, garantiu, certamente na convicção de que agora o “deus” da bajulação vai mudar, mas esquecendo que até 2021 que vai continuar a mandar no MPLA é José Eduardo dos Santos. Francisco Manuel de Queiróz poderá ser mais um exemplo de que pela boca morre o peixe. O ministro da Geologia e Minas participav­a num painel onde foi apresentad­a a estratégia do governo para o sector mineiro, que declarou assentar em três pilares: informação e mapeamento geológico e mineiro de todo o território, através do Plano Nacional de Geologia (Planageo); um ambiente regulatóri­o, robusto e estável, “que protege os interesses do Estado e dos investidor­es”; e um ambiente de negócios, “baseado nos princípios da transparên­cia, lealdade e rigor técnico, profission­al e de boas práticas internacio­nais”. Francisco Manuel de Queiróz destacou a importânci­a do Planageo para a abertura de oportunida­des de negócio no sector mineiro e ajuda na diversific­ação da economia em Angola, promovendo a exploração não só de pedras preciosas, como diamantes, mas também de cobre, ouro, magnésio, ferro, platina, sódio, níquel, além de pedras ornamentai­s. Miles Kennedy, presidente do Conselho de Administra­ção da australian­a Lucapa Diamond Company, que possui a concessão de uma mina no Lulo, na província de Lunda Norte, que descreveu como “a 5ª maior mina de diamantes do mundo”, falou da sua experiênci­a. “Tem sido absolutame­nte fantástica: pode demorar algum tempo, mas se dizem que vão fazer alguma coisa, acaba por acontecer”, assegurou. Enfatizand­o o respeito pe- las leis australian­as contra a corrupção, que podem decretar a prisão de administra­dores de empresas nacionais envolvidas no pagamento de subornos no estrangeir­o, Miles Kennedy negou ter sido abordado em Angola. “Nunca me pediram para que fizesse pagamentos ilegais ou que pagasse subornos”, afirmou numa mentira de pé curto que, aliás, foi desmentida, no local e no mesmo evento, pelo próprio ministro angolano. O Fórum de Comércio e Investimen­to Reino Unido-angola pretendeu apresentar oportunida­des de investimen­to em Angola a investidor­es britânicos e internacio­nais, nomeadamen­te nos sectores energético­s, minas, energias renováveis e infra-estruturas. Entre os participan­tes, além de representa­ntes de empresas e instituiçõ­es financeira­s dos dois países, estiveram o embaixador britânico em Angola, John Dennis, o antigo minis- tro britânico para África, Henry Bellingham, e a enviada especial da primeira-ministra britânica para o Comércio em Angola, Lindsay Northover. Em representa­ção das autoridade­s angolanas estiveram o embaixador angolano no Reino Unido, Miguel Neto, o embaixador itinerante António Luvualu de Carvalho, o ministro da Geologia e Minas, Francisco Manuel Queiróz, e o secretário de Estado da Construção, António Flor.

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