Folha 8

SENHORES BISPOS DE BOAS INTENÇÕES ESTÁ O INFERNO CHEIO

- TEXTO DE ORLANDO CASTRO

Os bispos católicos angolanos defenderam no dia 30.03 que Angola precisa de um Governo competente, que “governe para todos e não apenas para aqueles que o elegeram e, pior ainda, para uma elite de privilegia­dos”. Ao longo dos 41 anos de independên­cia, mas sobretudo durante os 38 anos que José Eduardo dos Santos leva como Presidente da República, nunca nominalmen­te eleito, a maioria dos bispos católicos têm apoiado o Presidente da República (José Eduardo dos Santos) às segundas, quartas e sextas, o Titular do Poder Executivo (José Eduardo dos Santos) às terças, quintas e sábados e o Presidente do MPLA (José Eduardo dos Santos) aos domingos. A afirmação agora feita carece, por isso, de credibilid­ade. A posição dos bispos foi expressa numa Mensagem Pastoral sobre as eleições gerais previstas para Agosto, lida no final da primeira assembleia plenária da Conferênci­a Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), que terminou quinta feira na província de Benguela. A mensagem dos bispos em ano de eleições visa “no mínimo” ajudar a “superar o cepticismo, a desconfian­ça e a indiferenç­a, diante deste acontecime­nto importante, que marca a vida da sociedade, também da igreja de Angola”. De acordo com os bispos, passados mais de 41 anos desde a conquista da independên­cia de Angola, os angolanos continuam a “sonhar com um país próspero, democrátic­o, sem corrupção, socialment­e justo e economicam­ente sustentáve­l”. E o que fez a Igreja Católica durante todos esses anos para que o sonho dos angolanos se tornasse uma realidade? Regra geral foi forte com os fracos e fraquinha com os fortes, ajoelhando-se perante o dono do país mas, por out- ro lado, fazendo questão de estar de pé perante Deus. E deveria ser ao contrário. Para os prelados, Angola precisa igualmente de uma oposição forte, que obrigue quem governa a dar o melhor de si em prol do bem de todos. “As eleições são para este efeito o instrument­o que permite aos cidadãos escolherem os seus representa­ntes e o projecto político que querem ver implantado nos próximos anos, contribuin­do com a escolha expressa pelo seu voto, para a construção de uma sociedade mais justa e um futuro melhor para todos”, referem os bispos. Será que os bispos acreditam mesmo que os angolanos têm o poder de escolher? Nada saberão – nem que fosse pelo que se passou em outras eleições – sobre esse monumento do regime que dá pelo nome de fraude? Nada saberão sobre um Povo que, como sempre aconteceu, não decide com a cabeça mas com a barriga, regra geral vazia?

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