LUATY BEIRÃO COORDENA UMA ASSOCIAÇÃO
Num país onde as associações cívicas independentes, sobre tudo as que se empenham na defesa dos Direitos Humanos, têm sido cada vez mais asfixiadas pelo regime vigente, foram anunciadas neste mês de Março o estabelecimento de duas novas organizações-não governamentais, uma das quais a ser coordenada pelo activista luso-angolano, Luaty Beirão, um dos integrantes do mediático caso 15+2. Tratam-se das associações cívicas: Handeka, baseada em Luanda, e ANO, sediada na província do Cunene. A associação cívica Handeka, para além do seu coordenador Luaty Beirão, estiveram na base da sua criação, um grupo de cidadãos angolanos, entre eles: o ex-primeiro ministro Marcolino Moco, o advogado Luís do Nascimento, o professor e sindicalista Manuel de Victória Pereira, o jornalista veterano Mário Paiva, e os activistas Afonso Matias, Alexandra Simeão, Maria Monteiro, e Vasco Quibio. Segundo o comunicado dirigido ao Folha 8, a associação Handeka tem como objectivo principal de fazer o levantamento de todos os constrangimentos que inibem o cabal cumprimento do pleno exercício de cidadania e dirimi-los com acções prácticas que promovem todos os direitos dos cidadãos. A organização frisou que os angolanos vivem uma
é urgente encontrar uma saída à altura dos desafios que Angola enfrenta
situação dramática, e as soluções apresentadas para a consolidação da democracia e da paz social têm-se mostrado, reiteradamente, ineficazes. “A maioria do povo ainda não tem acesso a direitos elementares tais como: saúde de qualidade, educação eficiente, emprego, alimentação adequada, água potável e energia eléctrica de forma continua e saneamento básico. Desta forma, o grande inimigo do povo chama-se pobreza e por mais relatórios que se elaborem, tentando demonstrar o contrário, ela é o principal constrangimento para a criação de um país para todos e o maior inibidor da consolidação da coesão nacional”, lê-se no comunicado. A Handeka foi mais profundo explicando que os 41 anos de independência nacional e após 14 anos de paz, o país continua adiado fruto da corrupção praticada “sem escrúpulos e sem respeito pelo voto do povo”. “Assistimos todos os dias ao incremento de práticas autoritárias, ao cerceamento progressivo de direitos civis e liberdades, intolerância política, deriva securitária, afunilamento do espaço público, ausência de diálogo e do contraditório associados à excessiva concentração de poderes numa governação elitista que ignora as mais elementares expectativas do povo, que se tornou distante e arrogante desprezando os cidadãos sobretudo os que menos têm”, rematou. A associação Handeka esclarece que é urgente encontrar uma saída à altura dos desafios que Angola enfrenta, e diz acreditar que é chegada a hora de promover a criação de uma plataforma social alargada, capaz de congregar os interesses de todas as franjas marginalizadas e excluídas do pleno exercício da cidadania. A Handeka será apresentada durante uma conferência de imprensa a ser organizada pelas 9h30, a 05.04.2017, no Hotel Continental, localizado no Largo do Baleizão, em Luanda.