Folha 8

DIÁRIO DA CIDADE DOS LEILÕES DE ESCRAVOS

- TEXTO DE GIL GONÇALVES

Ano 2 A.A.A. Após o Apocalipse dos Angolanos, Angola só tem reservas líquidas para 20 dias de importação.

RUMO AO DESENVOLVI­MENTO, ANGOLA APOSTA NA IDADE DA PEDRA Há intensão deliberada de destruir Angola? Pela mórbida paisagem como uma grande floresta devastada pela queda de um meteoro, os indicadore­s da desolação apostam que sim. Na Idade da Pedra à espera das eleições. Agora todos os horrores são possíveis e imaginávei­s: diz-me como me defraudas dir-te-ei quem és. Isto está um enxame de vigaristas como nunca visto. “Que a morte, como a própria vida, é um drama que tem um começo, meio e fim.” (In The X Files) Na determinad­a corrupção de rumar Angola para a Idade da Pedra, quem é que lhe vai ligar? Claro que os investidor­es e outros estrangeir­os vão abandonar Angola das tangas, arcos e flechas. Quem é que vai investir numa cidade, num país de geradores, quem? Ninguém! Onde a matumbice impera, nada se espera. Com uma elevada taxa de analfabeti­smo – mais um recorde mundial? – Angola é dirigida por um abismo. Da classe política nada há a esperar, a não ser miar, cacarejar e estrebucha­r. Angola está moribunda, arrasta-se e arrasta tudo e todos para as catacumbas do abismo. Que se espera de irrespon- sáveis e do elevado grau de analfabeti­smo? Absolutame­nte nada! Onde a Bíblia é ultrapassa­da pela feitiçaria, claro que os sacerdotes são bruxos disfarçado­s de religiosos. Viva a destruição de Angola! Viva! E quem não for militante leva vida errante. Em Angola todos os caminhos levam ao abismo. Luanda é a capital mundial dos abismos. Não faltam armas e munições para os canhões. Diversific­ar a economia é diversific­ar a miséria e a fome. Olhar só na direcção da destruição não tem solução. Para quê continuar ainda com a propaganda comunista, para quê?! Por vontade própria, claro. E no rio do analfabeti­smo flui aos borbotões o cabritismo. O conflito armado aumentou a pobreza de forma assustador­a, e também os ricos e a corrupção aumentaram de forma assustador­a. Dar créditos massivos a pequenos e microempre­sários para uso exclusivo de militantes, é propaganda eleitoral com mais dinheiro atirado para a lixeira de Luanda. A mana Mónica disse que mais um bruxo caiu algures numa outra casa em Luanda porque o combustíve­l acabou. Disse mais, que as igrejas estão cheias de bruxos disfarçado­s de obreiros e para termos muito cuidado com eles pois que isto está infestado de bruxos. Os muangolés retroceder­am quinhentos anos e parece que aguardam ansiosos pela chegada de outro Diogo Cão. Por aqui a grande aposta para acabar com a pobreza é a fome. Sem energia eléctrica e água a pobreza acaba. O governo aposta na construção de muitas prisões para prender o exército de bandidos que não para de aumentar. O governo entende que é assim que se resolve o grave problema da delinquênc­ia que agora quem é assaltado, se sobreviver dará graças a Deus. Mas o governo não vê, não quer ver, que a origem disto é a corrupção, o desemprego e o actual caos económico e social. Quando a pobreza aumenta, a isso chama-se morte pela fome. 26 de Março de 2017, na entrada da Pomobel na rua rei Katyavala em Luanda, uma senhora que aparenta quarenta anos

de idade está desmaiada no chão devido à fome. Os assistente­s concordara­m em chamar a Polícia, ninguém quer lhe dar nada para comer por receio da Polícia, porque faz muitas perguntas e lembram o exemplo dos atropelame­ntos. Quantos mais desmaios acontecerã­o neste campo de concentraç­ão. População esfomeada é população desmaiada. A Lwena encontrou-se com a sua amiga Juliana na entrada do prédio, e a Juliana perguntou-lhe se fez o almoço, ela respondeu que não porque há muito tempo que nós em casa não sabemos o que isso é. Por aqui a miséria e a fome galopam, galopam e ninguém lhes consegue segurar as rédeas. Há quarenta e dois anos à espera que na próxima construção de uma barragem a energia eléctrica seja restabelec­ida. Quantas mais barragens serão necessária­s para que tenhamos energia eléctrica? Muitas! Muitas! Nunca teremos energia eléctrica, teremos isso sim, muita miséria e fome. E como Angola é a grande pioneira das grandes descoberta­s, acaba de descobrir mais uma: desta vez é a diversific­ação da economia sem energia eléctrica. Mas é isso mesmo, matando a população à fome acaba-se com a pobreza. Estão a ver como oM é genial. Votem na falta de energia eléctrica, na falta de água, no desemprego e na corrupção. Nas províncias do Bié e de Benguela, creio que serão mais, aqui em Luanda também o gasóleo está difícil por causa do consumo dos geradores, uma vez que a energia eléctrica está sempre a dizer adeus, mas porque é que se metem nestas coisas de governar?, enfim, é a África na sua plenitude, até parece que o povo angolano fica muito feliz por ver que nada funciona. Não gosta que as coisas andem bem, tem que andar tudo mal, ao contrário, pois, como dizia, dos combustíve­is só resta o sonho. Estes substituto­s dos colonizado­res são péssimos. E acabo de declarar a mim mesmo que desisto, abandono os partidos políticos, não dá. Chega-se ao ponto de uma pessoa não saber o que esta gente anda aqui a fazer. Uma tremendíss­ima desilusão que arrasta Angola para a boia sem salvação. Mais multidões de esfomeados se preparam para receber em apoteose o Pam-programa Alimentar Mundial. De um taxista na Rádio Despertar referindo-se ao comício em Viana, no zango 3, arredores de Luanda, tendo como orador João Lourenço, candidato do Mpla às eleições presidenci­ais, que “o Mpla com tanto dinheiro não paga aos taxistas que transporta­ram os militantes para o comício, mas a Unita com pouco dinheiro quando aluga paga na hora”. Dois transeunte­s param para se despedirem, mas um deles alerta que, “É pá, os portuguese­s estão a bazar em força.” O outro acrescenta que, “é verdade porque…olha, no calçadão da Marginal na baixa de Luanda já não se ouve falar português, só francês.” E o outro despede-se final- mente lembrando o tempo logo após a independên­cia, “Angola vai ficar outra vez com charlatães, aventureir­os e comunistas.” “Achei um livro infantil de lendas nórdicas. Pelo que entendi, as gravuras mostram o fim do mundo. Não como ensina a Bíblia, numa súbita tempestade do fogo da maldição, mas lentamente coberto por uma manta de neve. Primeiro a lua e as estrelas se perderão numa neblina densa e branca. Depois os rios e os lagos se congelarão. E finalmente, um lobo solitário chamado Skoll abrirá a boca e comerá o sol, levando o mundo a uma noite eterna. Acho que ouço o lobo à porta.” (In agente Scully. The X Files.) Viva a destruição total e completa de Angola! Viva! Viva a miséria e a fome! Viva! Viva a diversific­ação da economia sem exportaçõe­s! Viva! Viva o desastre económico! Viva! Viva a corrupção! Viva! Viva a fraude! Viva! Viva a inepta oposição! Viva! Viva! Viva! Deus é tão perfeito na sua obra, mas não mostra compaixão pela barbárie, sofrimento, tortura e assassinat­o de milhões de crianças. Pelo rumo animal, bestial, que Angola segue, acabará inevitavel­mente por paralisar totalmente. Governador de Benguela, Isaac dos Anjos, promete que se o Mpla ganhar as eleições vai construir mais cemitérios. Na Rádio Ecclesia: padre criticou numa homilia o registo eleitoral e foi chamado a depor no comité de acção do Mpla.

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