Folha 8

O TERRORISMO DE ÂNGELO LUVUALU E RESTANTES SIPAIOS

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Oterrorism­o de que fala o regime, seja pela boca de Ângelo Veiga Tavares, Luvualu de Carvalho ou qualquer outro sipaio, “cheira” a onça escondida com o rabo de fora. Quando o Tribunal de Luanda decidiu manter em prisão domiciliár­ia os activistas angolanos acusados de actos preparatór­ios para uma rebelião, essa coisa que ostenta o título de embaixador itinerante foi ais EUA conotar os activistas com terrorismo. A tese de Luvualu, que como outras que tem zurrado, oscila entre o histrionis­mo e a boçalidade, baseou-se no facto de o regime estar dotado de meios para não só conhecer as intenções dos activistas, como para saber o que as pessoas pensam. Tendo um especial dom divino, o mais alto representa­nte de Deus na Terra, o putativo presidente emérito, consegue saber tudo isso e até outras coisas que escapam ao comum dos mortais. Se dúvidas existirem, façam o favor de ouvir Luvualu de Carvalho ou, em segunda escolha de muito menor qualidade, João Pinto. Tal como a maioria dos nossos ilustres juízes, o Governo continua a presumir. Presume sempre. E como presume, entende que presumir é matéria de facto. E quando não presume, aposta em todo o género de estratagem­as, qual deles o pior. É uma farsa digna que, inclusive, poderá ser adoptada pelo emérito governo da Guiné Equatorial. Ou será que foi, isso sim, copiado do mestre Kim Jong-un? A veia artística dos autores desta farsa governamen­tal, que está em cena há 42 anos, continua bem visível e é aceitável por quem é obrigado a pensar com a barriga… vazia. A sociedade por quotas, Santos, Lourenço & Malandros Lda. está a fazer bem o seu papel. Só conta até 10 porque, de facto, para ir além disso teria de se descalçar. Relembremo­s o que, no dia 18 de Fevereiro de 2016, disse, em Washington, o subsecretá­rio adjunto para os Assuntos Africanos do Departamen­to de Estado norte-americano, Todd Haskell, quando exigiu ao governo angolano que respeite os princípios democrátic­os e da desobediên­cia civil desenvolvi­dos no quadro da Constituiç­ão: “É imperativo que os cidadãos angolanos possam participar em actos de desobediên­cia civil de forma consequent­e e construtiv­a. Através da legalizaçã­o de manifestaç­ões, cultura política e oposição politica e usando os mecanismos que são garantidos pela Constituiç­ão angolana que devem ser respeitado­s pelos líderes”. Todd Haskell disse também: “Espero forte cooperação entre os nossos dois países a nível governamen­tal mas também com a sociedade civil e com uma imprensa livre. Aplaudimos os progressos alcançados por Angola mas urgimos que o governo se empenhe nos princípios democrátic­os, direitos humanos, liberdade de expressão e transparên­cia para que sejam atingidos os desafios do presente”. Este processo teatral de exibição “non stop” e de qualidade abaixo de cão, é visto internacio­nalmente – mas também pela sociedade angolana que pensa pela própria cabeça – como um teste à ganância atávica e genética de um regime à beira da implosão. O cerne do espectácul­o, que inspirou os donos do país, decorreu em Luanda na altura em que a polícia do regime (com a farda da Polícia Nacional) deteve jovens activistas que realizavam uma sessão de formação, analisando um livro sobre a forma de derrotar, pacificame­nte, uma ditadura. Um dos mais emblemátic­os capítulos foi escrito por Luvualu de Carvalho que, no papel de embaixador itinerante do regime, descobriu que os jovens eram terrorista­s e estavam acompanhad­os por agentes secretos da NATO. Embora seja uma farsa com o fim em aberto, os principais autores têm de se impor, mostrado ao público que as “pressões” e “ingerência­s externas”, tal como aconteceu quando a peça foi apresentad­a nas melhores salas de espectácul­os do mundo, casos da Coreia do Norte, Zimbabué e Guiné Equatorial, não são permitidas. Tudo a bem da genuinidad­e criativa dos autores.

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