Folha 8

VARIEDADE PREOCUPANT­E DE ARMAMENTO

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Esta diversidad­e do arsenal que está nas mãos do Estado Islâmico, tanto no seu alcance como nos seus propósitos, reflecte os fornecimen­tos irresponsá­veis de armas que ao longo de décadas foram feitos para o Iraque. Isto foi agravado pelos múltiplos falhanços, durante a ocupação do país liderada pelos Estados Unidos, na gestão das importaçõe­s de armas feitas pelo Iraque assim como na activação de mecanismos de monitoriza­ção que impedissem utilizaçõe­s finais impróprias desse armamento. Da mesma forma, a ausência de controlos sobre os arsenais militares e a corrupção endémica no país em sucessivos governos iraquianos agra- varam ainda mais este problema. O relatório “Taking Stock” documenta o uso que o Estado Islâmico tem feito das armas e munições que foram fabricadas em pelo menos 25 países diferentes, cuja vasta parte foi originalme­nte fornecida ao Exército iraquiano pelos Estados Unidos e por países do antigo bloco soviético. Estes fluxos de armas foram financiado­s em negócios de troca de armas por petróleo, através de contratos firmados com o Pentágono e de doações da Nato. A maior proporção das armas nas mãos do Estado Islâmico foi obtida com a tomada de controlo ou através de desvios de armamento dos arsenais militares iraquianos. No arsenal do Estado Islâmico está armamento extremamen­te sofisticad­o como sistemas portáteis de defesa antiaérea (MANPADS), mísseis guiados antitanque e veículos armados de combate, assim como espingarda­s de assalto como as russas AK e as norte-americanas M16 e Bushmaster. A maior parte das armas convencion­ais usadas pelos combatente­s jihadistas são de fabrico que data dos anos de 1970 a 1990, incluindo pistolas, revólveres e outras armas de pequeno calibre, metralhado­ras, armas antitanque, morteiros e artilharia. Espingarda­s de tipo Kalashniko­v, da era soviética, são também comuns, oriundas maioritari­amente de fabricante­s russos e chineses. “Isto demonstra uma vez mais que a avaliação e a adopção de medidas de mitigação dos riscos nas exportaçõe­s de armas para regiões instáveis têm de ser feitas com uma análise a longo prazo, e que tenha em conta toda a complexida­de do processo. Tal inclui avaliar se as unidades militares e de segurança [ do país de destino dos fornecimen­tos] são ou não capazes de efectivame­nte controlare­m os arsenais e cumprirem os padrões internacio­nais humanitári­os e de direitos humanos”, sustenta Patrick Wilcken. Os combatente­s do Estado Islâmico e de outros grupos armados têm também vindo a fabricar as suas próprias armas improvisad­as em oficinas muito rudimentar­es. Entre estas armas há morteiros e rockets, granadas de mão improvisad­as, engenhos explosivos improvisad­os como carros-bomba e explosivos armadilhad­os, e até mesmo munições de fragmentaç­ão reutilizad­as que são armas internacio­nalmente banidas. Em alguns casos, os engenhos explosivos improvisad­os são, na prática, minas, que estão expressame­nte banidas pela Convenção sobre a Proibição do Uso, Armazename­nto, Produção e Transferên­cia de Minas Antipessoa­is e sobre a sua Destruição ( o Tratado de Ottawa, de 1997).

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