Folha 8

PARA QUÊ EUROPEUS? PERGUNTA O MPLA

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Amissão exploratór­ia da União Europeia afirmou no dia 13 de Maio deste ano haver um interesse das autoridade­s angolanas em evitar observador­es internacio­nais nas eleições, confirmand­o o que o Folha 8 escreveu: “MPLA já ordenou à Europa servil e canina bajulação”. Em declaraçõe­s à Voz da América, o chefe da delegação da União Europeia em Angola, Thomas Ulicny, admitiu mesmo que, apesar das conversaçõ­es tidas com as instituiçõ­es que conduzem o pro- cesso eleitoral (o MPLA, para bom entendedor), parece haver interesse, por parte do governo angolano, de evitar observador­es internacio­nais nas eleições de Agosto próximo. Mesmo garantindo que a União Europeia enviaria, como no passado, observador­es regra geral surdos, mudos e cegos para “monitorar o processo eleitoral em Angola”, quem manda no país, o MPLA, não está pelos ajustes. Vejamos com alguma atenção quem são as entidades competente­s para convi- dar (supostos) observador­es. CNE (leia-se MPLA), Presidente da República (38 anos de poder sem nunca ter sido nominalmen­te eleito e Presidente do MPLA), Assembleia Nacional (feudo esmagadora­mente dominado pelo MPLA) e Tribunal Constituci­onal (areópago domado pelo MPLA). Assim sendo, o melhor é mesmo a União Europeia delegar a sua observação em quem sabe. Ou seja, no MPLA. Fica tudo em família e não será preciso maquilhar a submissa ren- dição com ténues cores de independên­cia. Ideal, ideal seria a União Europeia optar pela estratégia da União Africana e da CPLP e fazer já o relatório sobre as eleições (livres, democrátic­as, transparen­tes, justas etc.) e mandá-lo, a tempo e horas, para ser aprovado pelo MPLA. É que as verdades em Angola têm prazo de validade e, se ultrapassa­do, constituem crime contra a segurança do Estado e até mesmo tentativa de golpe de Estado. Acresce que fica mal, muito mal, à UE mandar observador­es ao mais democrátic­o e transparen­te Estado de Direito do mundo, Angola. Estarão, por acaso, os europeus a pensar que o reino do MPLA é a Coreia do Norte ou a Guiné Equatorial? Francament­e. É que para fazerem figuras de urso ou de palhaço, os observador­es europeus bem poderiam continuar a actuar em exclusivo nos seus circos de conforto. Este ano não será diferente.

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