QUEM AMEAÇA DE MORTE NÃO É A UNITA
Acampanha eleitoral oficial vai começar amanhá e, com ela, é de temer que se agitem os fantasmas de um retorno à guerra civil. Ora, se ainda restavam dúvidas de que o MPLA está disposto a arquitectar uma nova chacina que poderá envolver milhares de pessoas, elas desapareceram definitivamente no dia 25 de Junho de 2015, quando o presidente José Eduardo dos Santos, no seu discurso de abertura do III Congresso Extraordinário do MPLA, em Luanda, provou isso mesmo, quando declarou que “não se deve permitir que o povo angolano seja submetido a mais uma situação dramática como a que viveu em 27 de Maio de 1977, por causa de um golpe de Estado”. De relembrar que os apelos do MPLA à guerra têm sido recorrentes e sempre mais frequentes e mais musculados nas vésperas de eleições, configurando-se, a maior parte das vezes, em um destilar de ódio contido, mas presente em filigrana verbal nas respostas do chefe supremo às críticas que são feitas à sua catastrófica política. Esses apelos, claríssimas provocações programadas por guerrilheiros frustrados, apregoados em defesa da sua própria incompetência desde o denominado “advento da paz em Angola” de 2002, atingiram nesse dia 25 de Junho o seu apogeu, num expressivo “remember” do genocídio do 27 de Maio de 1977. Numa das nossas antecedentes edições escrevemos: «Vindo da boca de um homem que tem variadíssimas vezes provocado a UNITA no sentido de a arrastar para mais uma possível guerra depois de ter desarmado completamente esse partido e gasto biliões de dólares a armar o seu, não admira a maneira como ele foi buscar o maior de todos os fantasmas do seu armário de fantasmas, o 27 de Maio de 1977. Tudo isso para futurar uma repetição desse holocausto que vitimou entre 30 e 80 mil filhos de Angola. Como se tal ameaça trouxesse à baila argumentos que pudessem permitir aos nossos actuais governantes, a maioria dos quais é criminosa e corrupta, a manutenção e continuidade da sua hegemonia política».