Folha 8

NÃO GOZEM COM OS ANGOLANOS

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Ovice- Presidente de Angola, Manuel Vicente, exortou no dia 18.07, em Luanda, no lançamento da Bolsa de Solidaried­ade Social, ao apoio da sociedade angolana às populações mais carenciada­s e em situação de vulnerabil­idade. Nada melhor do que haver eleições para o regime se lembrar de quem precisa. Como no passado, depois da votação a memória volta a hibernar. Esta bolsa resulta da iniciativa do Governo angolano, em parceria com as organizaçõ­es da sociedade civil que se propõem acudir às camadas da população mais necessitad­as, sobretudo em tempo de crise como o que o país vive. Crise que o país vive? Então os 20 milhões de pobres que Angola tem são recentes. Pelos vistos antes da crise só seriam cerca 19.900.000… Estimular, impulsiona­r e reforçar as acções de solidaried­ade, apoiar a criação de bancos de alimentos em todas as províncias, apoiar a criação de cozinhas voluntária­s e promover um movimento de voluntaria­do em Angola são alguns dos objectivos da Bolsa de Solidaried­ade Social. Também é verdade que, segundo o MPLA, os objectivos desde a independên­cia, em 1975, eram transforma­r Angola numa democracia e num Estado de Direito. Mas, como quanto aos pobres, o regime ainda não teve tempo para isso. Durante a sua intervençã­o, o vice-presidente angolano saudou a iniciativa, da responsabi­lidade do Ministério da Assistênci­a e Reinserção Social (MI- NARS), assinaland­o que o país ganha uma plataforma que “vem agilizar e distribuir melhor as ajudas a quem precisa”. “Uma plataforma que tem nos doadores o seu centro nevrálgico, uma plataforma cujo objectivo primeiro é servir quem mais precisa de forma coordenada e transparen­te mostra bem que aos poucos vimos percorrend­o um novo caminho e vimos igualmente vendo os seus frutos”, disse Manuel Vicente, reproduzin­do ordens superiores que, no caso, não se sabe se partiram de José Eduardo dos Santos ou do general Kopelipa. Manuel Vicente sublinhou que em Angola a solidaried­ade não é uma palavra vã, uma vez que muitos cidadãos assumem disponibi- lidade para apoiar. É verdade. Não é palavra vã por parte dos cidadãos. O problema é que os cidadãos estão maioritari­amente de barriga vazia. É, contudo, palavra vã por parte dos altos dignitário­s do regime que vivem à grande e à… MPLA, estando-se nas tintas para todos os outros. “Em 15 anos de paz muitas são as conquistas que nos aprazem registar. É para nós estimulant­e saber que podemos contar com uma sociedade civil forte e pujante, que se une para juntos caminharmo­s com o executivo, as pessoas singulares e colectivas, as igrejas, os empresário­s”, referiu Manuel Vicente. Poderia igualmente falar que o país é um dos mais corruptos do mundo e que lidera a índice mundial da mortalidad­e infantil. Mas não. Ao regime só serve a verdade selectiva e, quando esta não funciona, o uso da razão da força. De acordo com o vice-Presidente angolano, o combate à pobreza e a melhoria da qualidade de vida das populações está no centro das atenções do Governo, sublinhand­o que o Orçamento Geral do Estado (OGE) tem, ao longo dos anos, aumentado a verba destinada ao sector social. O que dirão a tamanha aldrabice os 20 milhões de pobres? “Para este ano atribuiu 38,3% para este sector social o que quer dizer que esta é uma área cuja atenção e desenvolvi­mento tem tido particular destaque”, enfatizou Manuel Vicente, convicto de que falava para uma plateia de matumbos e de caninos sipaios. A Bolsa de Solidaried­ade Social prevê criar um “Comité de Honra” composto por personalid­ades de “reconhecid­a idoneidade e autoridade moral”, para garantir a transparên­cia das acções e assegurar o acompanham­ento, monitoriza­ção e fiscalizaç­ão das actividade­s. Entre aldrabices e anedotas, este regime merece certamente um prémio especial pela sua capacidade em julgar que só os seus dirigentes usam a cabeça para pensar. Esquecem-se que não é assim. Esquecem-se que esta estratégia pode levar muita gente a pensar que os dedos também servem para puxar um gatilho.

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