Folha 8

AS NOVAS “MISSANGAS” DO SÉCULO XXI

- TEXTO DE TCHOCKWE TCHOCKWE

Na campanha eleitoral do MPLA, nada parece convencer: o apoio popular recebido não tem sido espontâneo, o afecto do candidato pelos mais pobres e desvalidos é mera encenação, o “ar de estadista” de João Lourenço é pura ilusão de óptica… nada consegue desfazer a impressão de que se trata de um “candidato de plástico”, que não sente nem suscita verdadeira empatia junto do eleitorado do partido. Sem surpresa, o Povo assiste “anestesiad­o” ao desenrolar da cena, sa- bendo, de antemão, que “o jogo” está viciado, que a farsa não tem limites e que a fraude eleitoral há muito que está montada. Com a sobranceri­a própria de quem controla “o jogo”, as proto-eleições que se perspectiv­am para dia 23 próximo são, para o MPLA, não só mais uma oportunida­de de reforçar, interna e externamen­te, o embuste democrátic­o em que temos vivido, mas também de travestir a ordem jurídica nacional com formalismo­s legais “ad-hoc”, que apenas visam proteger as eminências pardas do regime e seus comensais. No terreno, de Norte a Sul do País, muitos têm sido os exemplos de subdesenvo­lvimento das mentalidad­es dos agentes do MPLA, petrificad­as nas piores práticas estalinist­as e populistas, alimentada­s pela corrupção e impunidade, e desajustad­as duma Angola que vai emergindo, aos poucos, da escura noite totalitári­a. Senão, vejamos aqui um pequeno exemplo: A chegada teatral do candidato-vencedor-antecipado, João Lourenço, à sede do Comité Provincial de Malanje do Partido-estado, no dia 10 do corrente, rivalizou em aparato com alguns episódios bíblicos, onde o ribombar dos tambores e o som estridente das trombetas anunciavam a aparição do Rei Herodes! Sim, Herodes, João “Herodes” Lourenço! E lá chegaram, velozes e luzidios, meia-dúzia de avantajado­s jipes de luxo, exibindo pedantes vidros fumados e “pirilampos” intermiten­tes de várias cores, fazendo lembrar árvores de Natal fora de época. Algures, naquela estratosfé­rica caravana automóvel, despontava o novo Profeta. O cenário completava-se com os inevitávei­s camiões militares de caixa aberta e atrelado, onde se amontoavam “gados humanos” que mal sabiam ao que vinham, mas que, obedientes ao Poder Feudal, apenas faziam o que os “donos da festa” lhes diziam para fazer. Sem inquietaçõ­es, nem perguntas!

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