AS NOVAS “MISSANGAS” DO SÉCULO XXI
Na campanha eleitoral do MPLA, nada parece convencer: o apoio popular recebido não tem sido espontâneo, o afecto do candidato pelos mais pobres e desvalidos é mera encenação, o “ar de estadista” de João Lourenço é pura ilusão de óptica… nada consegue desfazer a impressão de que se trata de um “candidato de plástico”, que não sente nem suscita verdadeira empatia junto do eleitorado do partido. Sem surpresa, o Povo assiste “anestesiado” ao desenrolar da cena, sa- bendo, de antemão, que “o jogo” está viciado, que a farsa não tem limites e que a fraude eleitoral há muito que está montada. Com a sobranceria própria de quem controla “o jogo”, as proto-eleições que se perspectivam para dia 23 próximo são, para o MPLA, não só mais uma oportunidade de reforçar, interna e externamente, o embuste democrático em que temos vivido, mas também de travestir a ordem jurídica nacional com formalismos legais “ad-hoc”, que apenas visam proteger as eminências pardas do regime e seus comensais. No terreno, de Norte a Sul do País, muitos têm sido os exemplos de subdesenvolvimento das mentalidades dos agentes do MPLA, petrificadas nas piores práticas estalinistas e populistas, alimentadas pela corrupção e impunidade, e desajustadas duma Angola que vai emergindo, aos poucos, da escura noite totalitária. Senão, vejamos aqui um pequeno exemplo: A chegada teatral do candidato-vencedor-antecipado, João Lourenço, à sede do Comité Provincial de Malanje do Partido-estado, no dia 10 do corrente, rivalizou em aparato com alguns episódios bíblicos, onde o ribombar dos tambores e o som estridente das trombetas anunciavam a aparição do Rei Herodes! Sim, Herodes, João “Herodes” Lourenço! E lá chegaram, velozes e luzidios, meia-dúzia de avantajados jipes de luxo, exibindo pedantes vidros fumados e “pirilampos” intermitentes de várias cores, fazendo lembrar árvores de Natal fora de época. Algures, naquela estratosférica caravana automóvel, despontava o novo Profeta. O cenário completava-se com os inevitáveis camiões militares de caixa aberta e atrelado, onde se amontoavam “gados humanos” que mal sabiam ao que vinham, mas que, obedientes ao Poder Feudal, apenas faziam o que os “donos da festa” lhes diziam para fazer. Sem inquietações, nem perguntas!