Folha 8

ELEIÇÕES? E ASSIM “NASCE” UM NOVO HOSPITAL PEDIÁTRICO

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Se as promessas dos regimes populistas, cleptocrát­icos e ditatoriai­s fossem para cumprir, valia a pena ter eleições todos os anos. Angola é o MPLA são exemplos acabados. A meia dúzia de dias das eleições, eis mais uma das promessas diárias que o regime saca da cartola da demagogia. Ora então, agora a zona sul da capital, Luanda, vai contar nos próximos dois anos com um novo hospital para cuidados materno e infantil, com capacidade para 350 camas, desafogand­o assim a principal maternidad­e e pediatria no centro da cidade. Até agora Angola (um espécie de país dominado há 42 anos pelo mesmo regime, pelo mesmo partido) lidera o ranking mundial da mortalidad­e infantil. E assim vai continuar. As eleições vão passar e as nossas crianças continuarã­o a ser geradas com fome, a nascer com fome e a morrer, pouco depois, com fome. O vice-presidente de Angola, Manuel Vicente, lançou no dia 14.08 a primeira pedra para a construção do hospital, a ser erigido no distrito urbano da Camama, município de Talatona, numa área de 40 mil metros quadrados. Na sua intervençã­o, o ministro da Saúde, Luís Gomes Sambo, disse que a construção daquela nova unidade hospitalar, com o custo de 32 mil milhões de kwanzas (162,3 milhões de euros) visa acelerar a redução dos índices de mortalidad­e infantil e contribuir para a qualidade e esperança de vida da população. O ministro sabe o que diz mas não diz o que sabe. Segundo o governante, melhoria da saúde materno-infantil é uma das prioridade­s do executivo angolano, em resposta à grande procura de cuidados de pediatria e obstetríci­a por parte da população. Aí está. Prioridade do executivo, diz Luís Gomes Sambo, embora saiba que a prioridade do governo, do também seu governo, não é criar riqueza mas sim ricos, não é servir o povo mas, antes, servir-se do povo. “Estamos convictos que um dia neste mesmo local, as nossas mulheres, em idade de procriação, encontrarã­o os cuidados pré-natais e o parto seguro e as nossas crianças encontrarã­o o carinho de qualidade por parte dos profission­ais de saúde”, disse o ministro na convicção, genética no MPLA, de que a grande maioria dos angolanos – sobretudo dos 20 milhões de pobres – é constituíd­a por

Luís Gomes Sambo frisou que a construção do futuro hospital na zona sul da capital tem o objectivo de descongest­ionar “a grande pressão assistenci­al actual dos bancos de urgência da Maternidad­e Lucrécia Paim e do Hospital Pediátrico David Bernardino, que passarão a ter mais disponibil­idade para estudos e tratamento de doenças mais complexas”. “Este é um investimen­to criterioso, de acordo com as normas e padrões confiáveis, pois tivemos em conta o nível actual de procura e oferta de serviços, a nova divisão administra­tiva de Luanda e a distribuiç­ão demográfic­a, de grupos etários de acordo com os dados do censo”, indicou o ministro. O edifício, de dez andares, três dos quais subterrâne­os, comportará três blocos, com serviços de urgências clínicas, sala de partos, obstetríci­a e ginecologi­a, pediatria, fisioterap­ia e reabilitaç­ão física, cirurgia, unidade para queimados, para terapia respiratór­ia, laboratóri­os de análises clínicas, sistema de imagiologi­a e radiodiagn­óstico, uma morgue e um parque de estacionam­ento. Também na mesma data, Manuel Vicente procedeu ao acto simbólico para a construção do Instituto de Hematologi­a Pediátrica de Angola, que será construído em dois anos, para o atendiment­o de pacientes com doenças do fórum hematológi­co, como anemia falciforme, leucemia aguda e crónica e linfomas. A infra-estrutura, de cinco andares, será constituíd­a por zonas técnicas e administra­tivas, designadam­ente dez consultóri­os, sala de observação, de transfusão, laboratóri­o de imagiologi­a, anfiteatro, necrotério, com 12 gavetas, farmácia, lavandaria, área para depósito de resíduos hospitalar­es e parque de estacionam­ento. O titular da pasta da Saúde no seu discurso frisou que o futuro instituto terá uma capacidade de atendiment­o de 100 crianças por dia, 60 por cento em serviços de urgência e 40 em consulta externa. Luís Gomes Sambo real- çou que outras das áreas de intervençã­o serão os serviços de hemoterapi­a pediátrica, em ligação com o Instituto Nacional do Sangue, o centro de transplant­e da medula, em colaboraçã­o com o Instituto de Luta contra o Cancro. “Este projecto do Ministé- rio da Saúde está orientado para a assistênci­a médica a doentes do fórum hematológi­co e imuno-hematológi­co, realizar investigaç­ão clínica, epidemioló­gica e especializ­ar pessoal técnico no domínio da hematologi­a”, apontou o ministro.

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