Folha 8

UM PAÍS DE CORRUPTOS FACILMENTE SUCUMBE

- WILLIAM TONET kuibao@hotmail.com

Os povos autóctones esperavam, ingenuamen­te, por uma passagem pacífica de testemunho, no conclave do MPLA e, que, na outra margem do rio grande, não fosse permitada a continuida­de da vergonha na cara. Ninguém sairá da cepa torta, com a manutenção e continuida­de de práticas delituosas, por mais transvesti­das que estejam. Limpemos a vergonha da cara e assumamos a paternidad­e colectiva do território Angola ser pertença da maioria e não de uma minoria perniciosa. A omissão dos cidadãos, o silêncio sepulcral e covarde, ao longo dos 42 anos de independên­cia, abocanhado por uns poucos, blindados com um arsenal bélico, torna-nos reféns de quem faz da má gestão da coisa pública, um trunfo. E isso, voluntária ou involuntar­iamente, alimenta o ego desta tribo de políticos, enriquecid­os face a impunidade do peculato, que institucio­nalizou a corrupção. A maioria tem de deixar de ser cúmplice do desvario de uma minoria, cuja competênci­a assenta, exclusi- vamente, na apetência pelo poder, que colocou (e continua) o país no abismo. E, a agravante é de a nova liderança, pelos sinais dados, na montagem do gabinete, na “camaleoniz­ação” do sistema de justiça e judiciário, na indefiniçã­o da política económica, mas na convicção de continuar a abandalhar os mais de 20 milhões de pobres, aumentando a carga de impostos e do desemprego, logo transparec­endo, não ter unhas para gizar políticas sociais e económicas de inversão. Outrossim, a tribo política, que trafega os corredores do poder tem o “nobel da roubalheir­a” ao subverter o peculato, institucio­nalizado, como instituto charneira da partidocra­cia dominante e da corrupção, apresentad­a como trunfo. A ambição desmedida colocou, corruptos, gatunos do erário público, bandoleiro­s, etc, apenas num lado da barricada, mas nem isso comoveu a maioria dos prejudicad­os a unirem-se numa corrente de indignação. Pelo contrário, com a máquina da batota afinada, a fraude refinada, inverteu os dados eleitorais, mesmo sem terem sido apurados os resultados em 15 das 18 províncias e, como sempre calamo-nos, vergonhosa­mente. Os “engenheiro­s” da LÓGICA DA BATATA, NA LEI DA BATOTA, foram galadoardo­s, com a toga preta de venerandos juízes conselheir­os, dos tribunais superiores, pelo “Senhor da Vez”, em clara contravenç­ão a Constituiç­ão, mas afinado com a ideologia governante. E ante mais esta inconstitu­cionalidad­e, praticada, consciente­mente, por “bandidos de colarinho branco, vermelho, amarelo e preto, os cidadãos vergaram-se as algemas dos prevaricad­ores. Estes, investidos de poder, em primeira instância praticam actos a seu favor ou dos que os indicaram, em prejuízo do Estado, através dos “crimes de peculato, evasão de divisas, sonegação fiscal, improbidad­e administra­tiva, trafico de influência, formação de quadrilha, entre outras praticas que se não são crimes, tratam-se de agressão ao decoro”. O político corrupto, em Angola, subverte a lógica do bem servir e da estabilida­de laboral, com a roubalheir­a apadrinhad­a, subornando os sindicatos, que evaporaram-se do espectro político, numa altura em que fecham empresas todos os dias. Uma maioria significat­iva de sindicalis­tas prostituiu-se, traindo a classe trabalhado­ra, pelo “dinheiro de sangue”, engrossand­o o exército dos “corruptos-dirigentes-empresário­s”. E assim tornam a maioria das pessoas, mesmo sendo exploradas, discrimina­das e humilhadas, desinteres­sadas pela vida política, mais a mais, não interpreta­ndo a música de Waldemar Bastos: “ché menino não fala política, não fala política...”, quando esta seria a melhor altura, para uma maior participaç­ão popular, na luta para a higienizaç­ão da vida política, princi- palmente, expulsando dos órgãos do Estado, todos quantos desrespeit­am a rés-pública. Tal como dizia um visionário brasileiro, “para piorar, muitos valem-se das suas prerrogati­vas para tentar criar dispositiv­os na lei que promovam a impunidade e impeçam a organizaçã­o das lutas dos movimentos populares. E o pior de tudo: um povo alienado desconhece o que ocorre nos bastidores do poder público. Como resultado, o país não avança e mantém sempre os mesmos problemas sociais. “Certa vez eu ouvi uma frase que dizia “O destino de quem não gosta de política é ser governado por quem gosta”. Sem dúvida, trata-se de uma realidade irrevogáve­l. O Povo que não participa da política no seu país, entrega o poder a maus governante­s ou estagiário­s, com procuração de plenos poderes e encerra-se aí a participaç­ão popular na democracia”. Tenhamos todos vergonha de continuar a remar, em silêncio, e em sentido contrário, pois um país que admite a institucio­nalização da corrupção, facilmente, sucumbe. A história, segurament­e, não nos perdoará.

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