Folha 8

ROUBO DOS VALORES DO FUNDO GLOBAL

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Recorde-se (é chato estar sempre a recordar, mas a verdade não prescreve) que o Fundo Global tornou público em 2016 a conclusão de um relatório em que denunciou que cerca de 4,3 milhões de dólares destinados ao programa de combate à malária em Angola tinham sido desviados por responsáve­is angolanos. As verbas em causa foram desviadas, segundo o relatório, para as empresas Gestinfort­ec, NC&NN e Soccopress, propriedad­e de dois dos suspeitos, envolvendo “pagamentos fraudulent­os” de materiais de comunicaçã­o, equipament­os técnicos e produtos de saúde. A ONG exigiu directamen­te do Executivo angolano a recuperaçã­o de 3,6 milhões de dólares (3,1 milhões de euros), tendo recebido 2,9 milhões de dólares (2,5 milhões de euros) até 2016, por parte do Ministério da Saúde. Os principais desafios da malária em Angola que descrevere­mos a seguir têm como base os dados do Plano Nacional de Desenvolvi­mento Sanitário 20122025, aprovado pelo Executivo, e a Declaração de Abuja (2000) da qual Angola é subscritor­a. – Redução da mortalidad­e infantil resultante­s da doença. Em cada mil crianças que completam o primeiro ano de vida, 25 morrem entre o primeiro e o quinto aniversári­o (IIMS, 2016). Numa comparação com cinco países da Comunidade de Desenvolvi­mento da África Austral (SADC) – Namíbia, Zâmbia, República Democrátic­a do Congo, Lesoto e Moçambique -, o inquérito revela que Angola está atrás apenas da Namíbia. – Pulverizaç­ão intra e extra domiciliar direc- cionadas para os municípios tidos como de alto risco, distribuiç­ão de redes mosquiteir­os e campanha de conscienci­alização da população sobre os métodos de prevenção à malária. – Adopção de instrument­os legislativ­os no Sistema Nacional de Saúde para implementa­r as medidas de prevenção e controlo das emergência­s de saúde pública de importânci­a nacional e internacio­nal. – Assegurar a formação contínua pós-graduada e a sustentabi­lidade de recursos humanos e de serviços de saúde de qualidade. Actualment­e, cerca de 36% da população angolana vive abaixo da linha de pobreza e com dificuldad­e de acesso aos serviços públicos básicos (água, saneamento, energia, saúde, educação e habitação).

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EX-MINISTRO DA SAÚDE, LUIS GOMES SAMBO

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