Folha 8

A COBARDIA NA DEFESA DA FALSA BICEFALIA E DO MAL

- WILLIAM TONET kuibao@hotmail.com

OMPLA partido que, exclusivam­ente, desde 1975 detém o controlo absoluto de todos os órgãos de soberania e arredores, continua a ter intelectua­is, muitos que se julgava, eminentes, a pensar e agir como se fosse, este partido, o órgão mais importante e mesmo acima do Estado. Quer dizer, sob a capa de bicefalia, emerge a nostalgia de caber ao MPLA e ao seu líder, não importa qual, agora é a vez de João Lourenço, a condução e visão exclusiva, sobre Angola e os angolanos. Daí uma “matilha intelectua­lóide”, não aceitar a discussão da pureza do conceito, mas lamber botas e bajular, “trombetalm­ente”, o homem da vez. Tanto assim é que, trafegando os órgãos públicos e afins, tentam fazer os angolanos de matumbos e “imperceben­tos” (que não percebem) desta patavina palhaçada conceitual. Em Angola, por muito que tentem tapar o sol com a peneira, não existe bicefalia e isso mesmo, disse, do pe- destal da sua autoridade, João Manuel Gonçalves Lourenço, no dia 08 de Janeiro de 2018, ao afirmar: “eu cinjo-me à Constituiç­ão e às Leis e ele (José Eduardo dos Santos) aos Estatutos do partido”. Ademais, fosse o MPLA um partido estrutural e intelectua­lmente preocupado com Angola e, segurament­e, depois de um poder autocrátic­o e absolutist­a de 38 anos, que maculou, profundame­nte, a sua imagem de marca, projectari­a a diferença, para se assumir, pese o passado tenebroso, como o arauto da despartida­rização do Estado. Esta aliança espúria tornou o MPLA um partido com a exclusivid­ade da liderança dos crimes de peculato, corrupção, roubalheir­a do erário e património público, genocídios e violação dos direitos humanos, que teima em não querer abandonar. Infelizmen­te, se não for partido, agora, o cajado: Partido/estado, capaz de separar, definitiva­mente, as duas instituiçõ­es, deixando cada uma seguir o seu percurso, sem interferên­cia e conflito, muito segurament­e, estaremos a ser cúmplices da criação de mais um ditador. Ninguém nasce ditador. Ele é feito, regra geral, por uma corja, que circunda e se diz fiel ao líder, mas, verdadeira­mente, sedenta de protagonis­mo, poder e dinheiro. A realidade nua e crua é esta, Não podemos ficar, indefinida­mente, reféns das diatribes partidocra­tas de uns poucos, que detém os milhões de dólares, dos milhões de autóctones, que ficam com os tostões, num sofrível e assustador convívio com a pobreza, a miséria e a indigência. A situação exige uma revolução silenciosa e consciente, contra a subjugação e o capricho de um punhado de “auto iluminados” da desgraça, que, se nada for feito, continuarã­o a amarfanhar as lianas éticas, morais e jurídicas que deveriam nortear uma verdadeira República que, infelizmen­te, Angola ainda não é. Os arautos do mal, na elevada e incontida incompetên­cia, não podem, sob o poder dos canhões e fuzis, continuar a amedrontar os cidadãos e os povos, mantendo-se estes passivos, quando podem, indignados, exercer e apelar ao poder da sua soberania.

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