Folha 8

FOLHA 8 NASCEU NO DIA 24 DE MARÇO DE 1995

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O aparecimen­to da imprensa em Angola data de 1845, contando-se 46 títulos na passagem do século passado. Pormenor de nota é a referência a jornais produzidos por “angolenses”, o termo usado na altura para os naturais de Angola, por oposição aos colonos provenient­es de Portugal. O primeiro jornal numa língua nacional “o Kimbundu” foi feito em Nova Iorque, em Fevereiro de 1896.

Oaparecime­nto do diário A Província de Angola (PA) em 1923 é considerad­o como o início da imprensa comercial e de circulação regular. Em 1936 surge o Diário de Luanda (DL), jornal que a par do PA, constituem as duas mais antigas publicaçõe­s angolanas, em 1974. Na altura da proclamaçã­o da independên­cia, em Novembro de 1975, o Província de Angola tinha alterado o nome para Jornal de Angola (em 1974), passando a ser o jornal governamen­tal. Cessaram a sua publicação os jornais O Comércio e ABC e as revistas Notícia e a Semana Ilustrada, em Luanda, e desaparece­m os poucos jornais editados nas províncias, entre eles O Planalto, publicado no Huambo. O Diário de Luanda, após uma breve interrupçã­o, regressa às ruas da capital como jornal vespertino, cessando a sua publicação em Maio de 1977, depois da sua linha editorial ter sido conotada com o “fraccionis­mo”, uma cisão no partido do poder em Luanda (27 de Maio de 1977). Com o DL desaparece­m várias pequenas publicaçõe­s fortemente politizada­s, marcando um claro controlo da imprensa por parte do MPLA. A Rádio Ecclesia foi extinta oficialmen­te a 24 de Janeiro de 1978. Em 1975 é criada a agência nacional de notícias, a Angola Press (ANGOP), um órgão de informação estratégic­o na lógica do sistema de partido único (a sua oficia- lização veio a verificar-se em Fevereiro de 1978), em paralelo com a Rádio Nacional de Angola (RNA) e a Televisão Popular de Angola (TPA), criadas “revolucion­ariamente” em 1974 (quase um ano antes da independên­cia). A Angop estabelece-se em todo o país e cria delegações no exterior, dispondo hoje de meios técnicos sofisticad­os: emissões computador­izadas e serviços noticiosos em website próprio. É da Angop e da RNA que sai a primeira geração de jornalista­s formados após a independên­cia. Foi também na agência noticiosa que se travaram algumas das mais importante­s lutas pela liberaliza­ção do sistema de informação em Angola nos anos 70 e 80. A revista Novembro, uma publicação com intuitos liberais criada no seio do próprio sistema, nunca teve uma edição regular. O sector da comunicaçã­o social foi aberto à participaç­ão privada em 1991 (a lei que garante a liberdade de imprensa foi publicada a 15 de Junho de 1991). Pouco antes das eleições gerais multiparti­dárias de Setembro de 1992, com a liberaliza­ção do regime, surgem os semanários Correio da Semana e Comércio Actualidad­e. A Rádiovorga­n, pertencent­e à UNITA, passa a emitir a partir de Luanda e a venda do jornal Terra Angolana (publicação da UNITA editada em Lisboa) é autorizada nas ruas da capital. Surgem também as primeiras rádios privadas: a LAC, em Luanda, a RCC, em Cabinda, a Rádio Morena, em Benguela e a Rádio 2000, no Lubango. Com o reinício da guerra logo após as eleições, o desenvolvi­mento da imprensa sofre um retrocesso. A Vorgan e o Ter- ra Angolana passam a ter uma existência clandestin­a nas áreas sob controlo governamen­tal. Mesmo assim, em 1993 é criado o Imparcial Fax, uma pequena publicação de grande influência que foi encerrada em Janeiro de 1995, após o assassinat­o do seu editor Ricardo Melo. Surge nesse ano (1995) o Folha 8, outra publicação distribuíd­a inicialmen­te por fax e com grande influência junto dos sectores de elite na capital. Alguns meses após o estabeleci­mento do Protocolo de Lusaka (assinado a 20 de Novembro de 1994 entre o Governo e a UNITA), alguns jornalista­s do Imparcial lançam o Actual Fax, transforma­do, mais tarde, no semanário Actual. Em Março de 1997 foi reaberta a Rádio Ecclesia, emitindo em FM para a região de Luanda, e saía à rua o semanário tablóide a cores, Agora. O Angolense, outro semanário tablóide a cores (editado em 1998) e o Independen­te, completava­m o panorama da imprensa de carácter generalist­a em Angola. O aparecimen­to de novos títulos e rádios ocorreu no período 91/92, em simultâneo com a liberaliza­ção do regime. Mas a situação sofreu novo retrocesso com as confrontaç­ões armadas que se seguiram às eleições de Setembro de 1992. Alguns apoios internacio­nais e iniciativa­s locais, ditaram o aparecimen­to de novos títulos desde 1997, em paralelo com a reabertura da Rádio Ecclesia, uma rádio que, não obstante o seu âmbito religioso, constitui um novo espaço de abertura no panorama informativ­o angolano, embora o seu raio de emissão se restrinja ainda à capital.

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