JEAN-MICHEL MABEKO TALI APRESENTA “O MPLA PERANTE SI PRÓPRIO (1960-1977) ” EM LISBOA
A Editora Mercado de Letras e o historiador Jean-michel Mabeko Tali presentearam os leitores com o lançamento da obra “Guerrilhas e Lutas Sociais. O MPLA perante Si Próprio (1960-1977)” um retrato histórico e exaustivo que percorre 816 páginas da vida de uma das mais antigas organizações políticas em África. A cerimónia de lançamento decorreu a 23 de Março na Fundação Cidade de Lisboa e contou com a apresentação do professor Alberto Oliveira Pinto.
Este livro de Jean- Michel Mabeko-Tali, Guerrilhas e Lutas Sociais — O MPLA perante si próprio (1960-1977) está condenado a ser uma importante referência para quem se interessa pela história do MPLA ou, mais geralmente, pela história política de Angola, segundo o escritor angolano Pepetela, um dos prefaciadores da obra a par da historiadora Catherine Coquery-Vidrovitch. O presente trabalho provém da tese de doutoramento do autor. No entanto, lê-se com extrema facilidade, graças à forma fluente e ágil como está escrita a riquíssima informação e é pioneiro em muitos aspectos. Para Pepetela, este livro trata efectivamente do percurso de Angola, visto a pretexto da história de um dos seus elementos constitutivos, o MPLA. Jean-Michel toca, como não podia deixar de ser, todos os momentos controversos da história desta organização política. Em particular, a interminável discussão sobre a data da fundação do MPLA, tendo para isso apresentado documentação e sobretudo argumentação que estarão por certo muito próximas do definitivo. Trata também da primeira dissidência, a de Viriato da Cruz, a menos conhecida hoje, com a objectividade necessária. E de alguns assuntos, quase ou totalmente tabus na organização, como seja a questão racial. O balanço que Jean--Michel nos apresenta mostra que o MPLA sempre teve uma vida conturbada, percorrido por opiniões e interesses contraditórios, muitas vezes em perigo real de implosão e sem nunca ter esclarecido insofismável e definitivamente as posições, preferindo que um opaco manto deitado por cima dessas contradições as levem a adormecer, quiçá a desaparecerem milagrosamente. Ao concluir o texto do prefácio, Pepetela assegura que a obra é fundamental para quem queira compreender um pouco melhor as razões e os processos que nos conduziram à situação actual, pois se é baseada na acção de uma organização política tem fatalmente de fazer referência às outras organizações que existiam na época e ao contexto geral em que se desenrolaram os processos.