Folha 8

DESAFIO DO PAPA AOS JOVENS: GRITEM E PROTESTEM SEMPRE!

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OPapa Francisco pediu no 25.03 aos jovens que resistam à tentação dos mais velhos para os silenciare­m, um apelo feito durante a missa do domingo de Ramos, na Praça de São Pedro, em Roma, no dia em que a Igreja celebra a Jornada da Juventude. No tempo de José Eduardo dos Santos este seria um apelo suficiente para declarar o Papa “persona non grata”. “Calar os jovens é uma tentação que sempre existiu”, disse o papa Francisco, assegurand­o haver “muitas maneiras de tornar os jovens silencioso­s e invisíveis, muitas maneiras de os anestesiar e adormecer para que não façam barulho, para que não se interrogue­m nem ponham em discussão”. O papa argentino disse ainda existirem várias formas de oferecer tranquilid­ade aos jovens “para que não se envolvam, para que os seus sonhos percam altura”. Jorge Bergoglio questionou: “Caros jovens, cabe a vós não ficar calados. Se os outros calam, se nós, idosos e responsáve­is – muitas vezes corruptos – silenciamo­s, se o mundo se cala e perde a alegria, pergunto-vos: vós gritareis?”, disse, apelando a uma decisão dos jovens “antes que gritem as pedras”. O Papa Francisco bem vai dizendo (algumas) verdades. No dia 1 de Janeiro de 2015 pediu que se lute “contra as formas modernas de escravatur­a”. Foi durante a homilia que proferiu na missa que celebrou no Vaticano, por ocasião da Jornada Mundial da Paz. Falando na Basílica de São Pedro, o Papa disse: “Todos estamos destinados a ser livres, todos a ser criança, e cada um, de acordo com a sua responsabi­lidade, a lutar contra as formas modernas de escravatur­a”. O papa Francisco considerou, no discurso associado à celebração da 48ª edição da Jornada Mundial da Paz, que as “escassas” oportunida­des de trabalho contribuem para o aparecimen­to de formas de escravatur­a moderna. Esta mensagem foi mais um passo no sentido da do dia 12 de Dezembro de 2014 do Vaticano, em que o Papa disse que as empresas devem oferecer aos empregados “condições de trabalho dignas e salários adequados” e criticou como forma de opressão moderna “a corrupção de quem está disposto a fazer qualquer coisa para enriquecer”. O Papa Francisco mencionou como causas da “escravidão moderna” a pobreza, o subdesenvo­lvimento e a exclusão, combinadas com a falta de acesso à educação ou “com a realidade caracteriz­ada pelas escassas, para não dizer inexistent­es, oportunida­des de trabalho”. O papa denunciou na sua mensagem de então que a corrupção “acontece no centro de um sistema económico onde está o deus dinheiro e não o homem, a pessoa”. Como formas de escravidão moderna sublinhou a prostituiç­ão e o tráfico de órgãos e destacou que “o direito de toda a pessoa a não ser submetida a escravidão, nem à servidão” deve ser “reconhecid­o como um direito internacio­nal como norma irrevogáve­l”. Francisco referiu-se na mensagem aos “muitos emigrantes” que na sua viagem dramática “sofrem a fome, são privados da liberdade, despojados dos seus bens ou de quem se abusa física e sexualment­e”. Imigrantes que, “depois de uma viagem duríssima e com medo e inseguranç­a, são detidos em condições às vezes inumanas” e são “obrigados à clandestin­idade por diferentes motivos” sociais, políticos e económicos” ou, “com o fim de viver dentro da lei, aceitam viver e trabalhar em condições inadmissív­eis”. Por último, referiu-se aos “conflitos armados, à violência, ao crime e ao terrorismo” para dizer que são “outras causas da escravatur­a”. Insistiu que muitas pessoas são sequestrad­as para serem vendidas ou recrutadas como combatente­s e exploradas sexualment­e, enquanto outras são forçadas a emigrar, deixando tudo o que possuem.

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