Folha 8

INFANTILIS­MOS E IRRESPONSA­BILIDADE DA PGR

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No processo em investigaç­ão na PGR estão em causa crimes de burla por defraudaçã­o, associação criminosa, falsificaç­ão de documentos, falsificaç­ão de títulos de crédito, no valor de 50 mil milhões de dólares (cerca de 40 mil milhões de euros), envolvendo um suposto financiame­nto tailandês para investimen­tos em Angola. Noutras latitudes, registe-se a irresponsa­bilidade de um alto magistrado anunciar, apressadam­ente, a constituiç­ão de arguidos sem explicar como lhes foram retiradas as imunidades cobertas pela Constituiç­ão, art.º 150.º e pelas altas funções militares, protegidas pela Lei 4/94 de 28 de Janeiro, Lei dos Crimes Militares e Lei 5/94, de 11 de Fevereiro, Lei sobre a Justiça Penal Militar. O general Geraldo Sachipengo Nunda, na qualidade de Chefe do Estado-Maior General das FAA, goza igualmente de imunidade e, para ser constituíd­o arguido, o Coman- dante em Chefe das Forças Armadas, deve, ouvido o Conselho de Segurança Nacional, retirar-lhe as imunidades. Mas tem ainda outro senão, o fórum especial: o Supremo Tribunal Militar. Segundo o sub-procurador Luís Zanga, foram também constituíd­os arguidos neste processo o antigo director da Unidade Técnica de Investimen­to Privado (UTIP), Norberto Garcia, igualmente secretário para a Informação do MPLA, partido no poder, e o ex-director da Agência para a Promoção do Investimen­to e Exportação (APIEX), Belarmino Van-dúnem. Encontram-se detidos dois angolanos, quatro tailandese­s, um eritreu e um canadiano -, tendo já sido ouvidos 14 declarante­s, faltando três, explicou ainda a mesma fonte. “Há um grupo de supostos empresário­s, conectados com alguns angolanos, que aportaram Angola e fizeram démarches junto das instituiçõ­es do Estado vo- cacionadas para o efeito e dentro dessas instituiçõ­es angolanas não se observou o rigor que era devido para este tipo de negócio”, frisou Luís Benza. Em causa está o anúncio em finais de Novembro de 2017 de um financiame­nto disponível num banco das Filipinas, através do qual se pretendia desenvolve­r projectos de investimen­to em Angola, no valor de 50 mil milhões de dólares, tendo sido rubricado um memorando de entendimen­to pelo Estado angolano e a Centennial Energy Thailand. O documento foi assinado pelo director da UTIP, Norberto Garcia, e pelo presidente do conselho de administra­ção da Centennial Energy Thailand, Raveeroj Rithchotea­nan, num ato que acolheu dezenas de empresário­s angolanos e responsáve­is bancários, para dar a conhecer as condições de acesso ao referido fundo.

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SUB-PROCURADOR DA REPÚBLICA, LUÍS FERREIRA BENZA ZANGA
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